Quando os chefes são insensíveis

Tribuna | 29 de abril de 2015 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Mais de uma vez já contei aqui situações em que o povo tá reclamando do trabalho. Motoristas e cobradores vivem falando sobre isso, principalmente sobre as escalas de fim de semana e a definição das linhas em que vão trabalhar. Mas dessa vez confesso que fiquei com pena da mulher que logo cedo falava com uma amiga pelo telefone enquanto ia pro centro na linha Curitiba-Araucária (quando o ônibus metropolitano ainda aceitava o cartão transporte).

Ela contava que tinha acabado de assinar uma advertência porque naquela semana seu filho ficou doente, mas só tinha atestado de um dia e ela acabou faltando dois. Além da advertência ela mudou o local onde deveria trabalhar. Pelo que entendi, ela trabalhava em uma escola, na área de limpeza, e era contratada por uma empresa terceirizada.

“Me mandaram pro CIC. Eu tô ferrada porque não tenho como deixar meu filho na escola. Perguntei pro chefe como que me colocam lá no CIC se eu tenho que levar o menino. Sabe o que ele disse? Disse que não interessa, que a empresa não tem nada a ver com isso”, lamentou. E ela não parou por aí:

“Mais duas advertências eu vou ser mandada embora por justa causa. Só que agora ficam me mandando de um lado pro outro. Dessa vez foi reclamação da diretora da escola, que mandou me tirarem de lá porque eu tava chegando atrasada. Mas agora não adianta reclamar que eu chego atrasada se me colocaram pra trabalhar longe de casa. Poxa, porque não me mandam embora de vez? Será que eu xingo o chefe e ele me manda embora?”

“Querem que eu faça o que com o meu filho, que largue ele em casa sozinho?”.

 

Pega na mentira…
Aproveitando que ainda estamos em abril, publico a colaboração da leitora Talita Antunes Lencschow, que acompanhou uma passageira pregando uma peça pelo telefone no dia da mentira:

“Na linha Vila Izabel sentido bairro, uma mulher começa a conversar no telefone”. Pelo que pareceu, ligou pro seu irmão, mas quem atende é a cunhada. Em tom alto ela diz:

– Oi Fulana, o Ciclano tá aí? Queria dar uma palavrinha com ele.

A cunhada então diz que ele está ocupado e que não pode atender. E ela logo fala:

– Então daqui a pouquinho eu ligo, não precisa incomodar ele não. Não dá nem três minutos e só escuto a mulher falando outra vez. De novo em tom alto no ônibus silencioso:

– Oi Fulana, o João já jantou?

Penso comigo “nossa, já ligou de novo? Nem esperou, isso que não queria incomodar”.

– Oi Ciclano como que cê tá? Bem! Ah que bom! Você não sabe o que me aconteceu. Eu quebrei o nariz na academia! É, foi com o peso, mas já fui no médico, já engessei (como????).

Nisso todo mundo do busão olha pra mulher, pra ver como estava o nariz dela, que não estava quebrado como ela disse. No outro lado da linha, o irmão começa a questionar e pelo jeito estava preocupado.

Não demorou muito e ela revelou a verdade: “Aaaahhhhh te peguei! 1º de Abril!!!”. Eu já não aguentava mais segurar a risada e ainda bem que chegou o meu ponto e eu desci. Só não sei como terminou…”

 

http://www.parana-online.com.br/colunistas/papo-de-busao/108952/QUANDO+OS+CHEFES+SAO+INSENSIVEIS