O bofe aprontou e se deu mal

Tribuna | 11 de fevereiro de 2015 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Nada melhor – pelo menos pra mim, reconheço – do que fazer o tempo passar ouvindo conversa alheia. Quando o busão demora a chegar no terminal e o papo é quente, então… Foi o que aconteceu dia desses, no terminal do Portão.
A conversa chamou minha atenção quando ouvi a frase: “antes ele me batia nas costas”. “Credo”, pensei. Quando vi, conversavam ao meu lado duas moças e um rapaz. Quem contava o bafo era o cara, sobre como ele terminou com seu namorado.

“Ele tinha ciúmes de tudo. Teve uma vez que eu estava deitado e ele veio pra cima de mim já pegando no meu pescoço por uma coisa idiota, de rede social… Mas eu fiz diferente. A mulher quando descobre alguma coisa já vai seca pra cima do cara, mas o homem inventa desculpas”, falou.

O desenrolar começou quando o rapaz notou um comportamento estranho no bofe dele. Eu prestei atenção nos mínimos detalhes:

“Fiquei bem quieto e ele viu que tinha coisa estranha. Então ele começou a querer ficar de cara, arranjar motivo pra discutir comigo. Fiquei na minha”, disse. “Um dia ele chegou em casa e disse que ia arrumar as coisas pra ir embora. Começou a colocar tudo na mala até. Foi quando eu falei: ‘vou perguntar só uma vez, já que você vai mesmo embora, me esclarece uma coisa antes’. Então eu abri a conversa dele com outro cara e coloquei ele contra a parede: ‘o que é isso aí?’.

Primeiro ele disse que não sabia, mas eu insisti. ‘Você vai negar? Não vai dizer que ele veio aqui em casa e ficou duas horas namorando com você?’, perguntei. Quando ele disse não mais uma vez eu saí de mim. Fiquei com sangue nos olhos e ele saiu de casa com o vergão dos meus dedos na cara dele. Ele só se escondia e só quando ele começou a chorar eu disse que ele poderia ir embora. Tanto é que pra sair lá de casa ele teve que esconder o rosto com o capacete da moto, de tão marcada que a cara dele ficou.

Nunca tinha batido em ninguém, mas o cinismo foi tanto que eu não me aguentei. Agora estamos há quatro meses sem conversar.” Mesmo estando doida pra chegar em casa, dei graças quando o busão só chegou depois que o rapaz terminou de contar.

 

Só não tinha tamanho
A menina, de uns cinco, seis anos de idade, comenta com a mãe a cena que tinha visto em outro ônibus:
– Tadinho do menino dormindo no ônibus, né mãe?

– Estava igual a você esses dias. Você é muito preguiçosa, dorminhoca.

– Pois é, e ainda por cima você me abandona. Não pode fazer isso com a sua filhinha querida que te ama tanto. Malandrinha, ela ainda continuou enchendo o saco da mãe. A tática foi balançar o dentinho que estava mole, quase caindo. “Paraaaa isso me da uma gastura”, implorou a mãe. Mas não adiantou, foi assim até o ponto final.

 

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