Rainha preta

Tribuna | 13 de fevereiro de 2015 | Foto: Giuliano Gomes

Amanhã, os foliões e as escolas de samba da capital serão recepcionados na Marechal Deodoro por Rosângela Amaral Gonçalves, a Rainha do Carnaval de Curitiba. Aos 25 anos de idade, ela também foi coroada pela própria comunidade carnavalesca como a Rainha Preta, título que faz questão de ostentar.

A coroação alternativa tem um motivo. Há tempos, diz Rosângela, Curitiba não contava com uma rainha do carnaval que fosse negra. “Tenho muito orgulho, consegui essa faixa junto com o meu povo, que tem muito valor. Já passei por muito preconceito e cada coisa que eu consigo é uma vitória”, afirma. Ela também acredita que a cor de sua pele foi determinante para o título, pois “representa o Carnaval”.

Como rainha, Rosângela terá bastante trabalho amanhã. Ela chegará cedo à festa, para levar cada uma das escolas de samba até a avenida. Também é seu papel recepcionar e ser simpática com o público. “Ser rainha é ter simpatia, bastante samba no pé e mostrar que Curitiba tem Carnaval sim, com verba ou sem verba. Participar precisa de empenho e muito amor”, garante.

O amor é tanto que, pelos próximos anos a prioridade será o Carnaval, com o qual ela está envolvida há seis anos e pretende levar por toda a vida, já que se revelou como uma verdadeira paixão. O objetivo é ir longe e chegar até o carnaval carioca. “Quando escuto a bateria, não tem jeito, é a bateria tocar e o coração já começa a disparar”.

Produção própria
O título de rainha veio logo na primeira participação do concurso que escolhe a realeza do Carnaval curitibano e só confirmou o empenho de Rosângela para se preparar pra folia. Ela, que nasceu em Ivaiporã, no norte do Paraná, e se mudou para a capital aos nove anos de idade, deixou há três meses o emprego de atendente em uma empresa de alimentos na Rodoviária de Curitiba, para se dedicar exclusivamente à folia.

Neste tempo, o trabalho foi duro, para preparar a fantasia e escolher os mínimos detalhes de maquiagem e penteado. Sem muito dinheiro para investir, a produção foi praticamente toda artesanal. “Maquiagem, cabelo e unha sou eu mesma que faço. E também ajudo a fazer a minha fantasia”, comenta. Tudo é acompanhado de perto pelo marido, que a incentiva em todos os momentos.

Além disso, Rosângela conta que a inspiração vem da atriz e modelo Cris Vianna, rainha de bateria da escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense. “Ela é linda, tem a postura de rainha”, comenta.

Escolhida
Como rainha, Rosângela não poderá desfilar na Escola de Samba Imperatriz da Liberdade, sua escola do coração e que a escolheu. Ano passado, a estreia na avenida foi com posição de destaque na agremiação. Mesmo assim ela garante: tem um excelente relacionamento com todos os grupos curitibanos.

 

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