Lições de Dona Niuza

Tribuna | 22 de agosto de 2012 | Foto: Marco Lima

A promessa que Niuza de Jesus Oliveira Simei, 62, fez quando perdeu sua filha aos 24 anos de idade foi cumprida. Há 23 anos ela se viu responsável por criar dois netos pequenos, mas estava doente, sem condição de trabalhar. “Prometi que, se Deus me desse saúde para cuidar das crianças, ia trabalhar o resto da vida sem reclamar”, conta. Desde então, ajuda pessoas carentes do bairro onde mora e de outras regiões da cidade.

À frente da Associação Comunitária das Mulheres do Bairro Alto, Niuza atende quem bate à sua porta, independente do pedido, que vai desde doação de alimentos e roupas até ajuda para providenciar sepultamentos. Não são apenas pessoas carentes que a procuram: muitos “ricos” já chegaram à Rua Rio Amazonas com problemas graves e foram recebidos. “Não posso deixar a pessoa esperando. Quando ela vem pedir ajuda é porque já está necessitada”, diz.

Niuza possui uma lista com mais de mil pessoas mapeadas, com informações sobre as condições de vida de cada uma delas. Além disso, entrega cestas básicas a mais de cem famílias. O recurso vem da doação feita por cinco pessoas, que formam uma “corrente de amigos”, e também da venda de estopa, produzida no terreno da casa de Niuza. Para isso, ela conta com a ajuda de outras voluntárias que transformam as roupas sem condição de serem doadas em fonte de renda. O valor do saco com 10 quilos do produto custa entre R$ 25 e R$ 30.

Ela também arrecada recursos com a reciclagem de latas, garrafas e até eletrodomésticos. “Quando comecei, as pessoas achavam que eu estava iludida, que ia morrer na praia. Aqueles que dizem que não podem fazer nada é porque estão acomodados. Não tem como fazer um serviço social superficial”.

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