Perdi um papão

Tribuna | 12 de agosto de 2015 | Foto: Brunno Covello/SMCS 

Tudo começou com uma bola fora minha. Estava embarcando no biarticulado e ajudei um passageiro cego a encontrar um banco para sentar. Mas na hora de indicar o assento o que fiz eu: apontei o banco e ainda falei “tá ali”.

Não foi por mal. Na hora percebi que não adiantou apontar nem falar o “tá ali”. “Mais pra sua esquerda” e tudo resolvido.

Sentei bem atrás dele – um pouco envergonhada pela gafe – e segui a viagem. Passou uns minutos e sentou atrás de mim, ao lado do cego, uma moça que começou a conversar com ele. E os dois engataram um papão.

No começo não prestei atenção, mas quando percebi, ele contava toda sua vida. Não cheguei a descobrir se ele já nasceu com a deficiência visual ou não, mas ele era um super atleta. Participou de várias Olimpíadas jogando futebol e ganhou várias medalhas. Uma super história que merece ser contada em outras páginas desse jornal.

Tive que descer logo depois e não soube mais de suas conquistas, que não são poucas. Mas desde então já passei por ele outras vezes. Quem sabe um dia eu não tenho a honra de ouvir toda a historia dele?!