O perigo senta ao lado

Tribuna | 21 de janeiro de 2015 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Viajar de ônibus nem sempre é tranquilo. Quando a viagem é entre duas cidades, então, o problema pode se arrastar por horas. Que o diga a colaboradora da semana, que diante da situação incômoda que passou, preferiu o anonimato:

“Havia muito tempo que não viajava de ônibus. Mas desta vez voltei de Guaratuba pela Viação Maringá, via BR-376. Apesar de ser dia 23 de dezembro, saí com frio e chuva de lá.
Sentei do lado da janela e logo sentou uma jovem senhora a meu lado, que já foi dizendo:
– Só de sentir o cheiro do ônibus, já começo a passar mal!

Limitei-me a dizer:

– Puxa, que chato! (A partir daí, já previ o que me esperava…)

O trajeto da Rodoviária de Guaratuba até a Rodoviária de Garuva, com aquele “bendito” sinaleiro, durou uma hora e dez minutos. Para minha surpresa, o motorista avisou que em Garuva haveria 10 minutos de parada.

Nisso, minha “vizinha” disse:

– Vou descer e tomar uma Coca. Será que vai resolver meu enjoo?

– Ah! Acho que ajuda sim. Vai lá! – incentivei.

Todos a bordo novamente, o ônibus recomeça a viagem e, logo, ela diz:

– Acho que não vou aguentar! Ainda bem que tem esses saquinhos aqui.

– Esses saquinhos são para lixo. É melhor você ir ao banheiro. Aproveite que a viagem está no começo que, com certeza, o banheiro está limpo.

– Mas não vai dar tempo! Ela começou a pegar os saquinhos desesperadamente e eu, também desesperadamente, me virei para a janela, me encolhi, fechei os olhos e tapei os ouvidos discretamente – se é que isso é possível.

Depois de algum tempo, percebi que a “turbulência” tinha terminado. Sentei normalmente, mas continuei a olhar pela janela. Notei que ela se levantou e foi ao banheiro. “Que alívio!”, pensei.

Ela voltou mais tranquila, mas sem conversar. A viagem seguia e ela se animou e começou a conversar. Pensei: “Acho que agora está tudo sob controle, vamos conversar!”.

Mas tinha um detalhe horrível: o hálito pavoroso de quem vomitou! Pensei: “Agora, quem vai passar mal sou eu!”. Não dava para abrir a janela por causa do ar condicionado. Só me restou uma alternativa para evitar o confronto, digo, a conversa: sem cerimônia nenhuma, comecei a fingir que estava dormindo. Fingi tanto, que dormi de verdade. Só acordei próximo à Rodoviária, em Curitiba.

Mal acreditei quando saí do ônibus e vi o céu cinza, a garoa, o friozinho e aquele trânsito caótico: Oh, delícia!!!”

 

O índio quer namorar
E aproveitando o tema “viagem de férias”, a leitora Daiana Costa também tem um papo de busão dos bons. Aconteceu com uma amiga, que seguia para Florianópolis:

“Sentou-se ao lado de um índio Guarani que cantava-lhe sem parar: ‘índio quer mulher séria e loira para namorar’. Não bastasse a proposta, ele ainda afirmou que ‘não existem mais índias bonitas para namorar’…”

 

http://www.parana-online.com.br/colunistas/papo-de-busao/107475/O+PERIGO+SENTA+AO+LADO