Dê a preferência!

Tribuna | 09 de outubro de 2013 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Sentada perto da cobradora, depois da catraca, percebi certo alvoroço nos bancos que ficam entre o motorista e a cobradora. Três mulheres falavam alto, olhavam para o lado e faziam caras de indignadas. Logo descobri o motivo: uma senhorinha de 80 anos estava em pé, agarrada à barra de ferro que serve de apoio aos passageiros enquanto o banco preferencial para idosos era ocupado por uma adolescente que ouvia música e (como quase todos) fingia que nada estava acontecendo. Atrás dela, um banco comum era ocupado por outra mulher que se fazia de injustiçada como se estivesse tudo certo.

As mulheres revoltadas jogavam indiretas às passageiras sem educação. “Educação vem de casa, né, fazer o que?”, diziam. Nesse meio tempo, outra jovem embarcou e viu quando a cobradora perguntava à senhorinha se ela queria sentar. A idosa disse que sim e a cobradora apontou o banco preferencial. A última passageira que entrou no ônibus resolveu, então, tomar uma atitude: cutucou a adolescente e perguntou se ela poderia dar o lugar à senhora e ainda deu mais alfinetada na mulher ao dizer: “mesmo que não fosse preferencial tem que dar o lugar!”. Afinal, isso não custa nada, não é mesmo?!

 

Olha a laranja!

Cheia de histórias de busão, a leitora Denise Gomes enviou algumas para a coluna. Aí vai sua primeira colaboração:

“Estava voltando para casa de ônibus depois de um dia cansativo de trabalho. O ônibus não estava muito cheio, não havia muita gente em pé. Depois de um tempo entrou uma senhorinha cheia de sacolas e foi sentar no fundo do coletivo.

Encostei minha cabeça na janela e fechei os olhos para descansar, mas logo ouvi risadas abafadas, abri os olhos e escutei: “Olha a laranja, pessoal!”

Uma das sacolas da senhora, ao ser colocada no chão, se abriu e dela fugiram várias laranjas que corriam em diversas direções pelo ônibus, e o povo começou, entre risos, a caça às laranjas.

– Olha uma ali embaixo do banco.

– Deixa que eu pego!

– Aquela vai sair pela porta. Fecha! Fecha a porta motorista!

– Peguei uma.

– Vou colocar aqui na sua sacola, senhora.

– Olha outra lá correndo… pega… pega..

– Mais uma…

– Obrigada!

E assim cheguei em casa, depois desta viagem cheia de risos e solidariedade”.

 

http://parana-online.com.br/colunistas/356/99120/?postagem=DE+A+PREFERENCIA