A primeira viagem

Tribuna | 02 de setembro de 2015 | Foto: Brunno Covello/SMCS 

Até hoje, nenhum relato que já foi publicado na coluna contou como é a viagem de quem pega os primeiros ônibus do dia. Já teve papo de busão que aconteceu de manhã, de tarde, de noite ou de madrugada, mas ainda não tínhamos um que contando como é a vida de quem praticamente acorda no coletivo. Por isso, pedi pro colega de redação, Leonardo Coleto, contar como é essa vida (com direito a surpresinha no fim de uma viagem dessas):

“Definitivamente tenho uma vida de rei quando o assunto é utilizar o transporte coletivo. A razão? Não preciso lutar por um lugar ao embarcar no busão, posso chegar em cima da hora e ainda sentar na janela para apreciar a visão do trajeto.

Quer saber qual é o segredo? Basta pegar o segundo ônibus da linha Tarumã, que parte do terminal do Bairro Alto rumo ao centro de Curitiba exatamente às 5:39 da madrugada.

As vindas para o trabalho normalmente são tranquilas. Motorista, cobrador e no máximo três passageiros (dormindo) além deste repórter ocupam o coletivo.

Mas em um desses dias aconteceu algo bastante inusitado para uma terça-feira fim de madrugada. Era perto das 6h quando desembarquei na Rua Marechal rumo à Praça Carlos Gomes, pela Rua Monsenhor Celso. Logo na esquina existe um banco e foi lá que a rotina do trajeto mudou.

Um homem estacionou seu carro na frente do banco e desceu. Parecia que ele ia sacar dinheiro. Logo atrás dele desembarcou outra pessoa com roupas curtíssimas:era uma travesti.

Antes de entrar no banco o homem ‘desbaratinou’, virou e tentou voltar correndo para o carro. Entrou e ligou o possante como se não houvesse amanhã para arrancar rapidamente. Mas a travesti, de salto alto, correu igualmente rápido e pulou para dentro do carro.

Neste instante olhei para o lado e já havia um público de cinco pessoas assistindo ao barraco. O homem conseguiu arrancar, mas levou a travesti pendurada em sua janela. Ninguém soube até onde ele foi, mas a cena definitivamente mudou a rotina dos que circulavam naquela madrugada.”