Moda de busão

Tribuna | 13 de agosto de 2014 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Dia desses embarquei no ônibus e fiquei sentada ao lado da cobradora. Percebi rapidinho que ela era fashion: sapatilha com estampa de cobra, em tons de rosa, a cara da riqueza! Dali pra cima ela usava mesmo o modelito básico do uniforme de quem trabalha no sistema de transporte coletivo, com camisa cinza e calça preta.

Lá pelas tantas ela comentou com o motorista que, por causa do calor, acabou não resistindo ao sapatinho cheio de estilo naquele dia e deixou o pretinho básico em casa. “Hoje não vim com o sapato preto, não. Espero que (os fiscais) não me marquem na ficha, mas é que tá muito quente e esse é mais fresco”, disse.

Ouvindo isso eu pensei “nossa, mas até o sapato?!”. Que nada! A fala do motorista provou que a moda de busão, pra motoristas e cobradores, vai mais “pra dentro”. “Pois é, até de meia eles reclamavam, um monte de motorista foi fichado por causa disso”, lembrou o motorista. “Esses tempos o cara encrencou com a minha calça, era preta, mas com bolso, e o fiscal teve a cara de pau de falar: “Esse uniforme aí não é da empresa não, né?!”.

A partir daí os dois fizeram uma avaliação sobre a exigência dos trajes para o trabalho e que, na minha opinião, é justa.

“Eu acho que eles têm direito de exigir desde o momento em que dão o uniforme. Agora, se a gente tiver que gastar dinheiro para fazer o gosto deles é sacanagem… Se pelo menos isso desse diferença no pagamento”, disse o cobrador

“É isso mesmo, não tá sobrando dinheiro pra gente ficar comprando sapato pra vir trabalhar”, concordou a cobradora.

O que eu faço?
Semana passada contei sobre o menino que foi no ônibus cantando: “O que eu faço? Vô fazê cocô!”. O leitor Denilson Chaves “desvendou a charada”: é o refrão da música “Vou fazer cocô”, dos Garotos Podres. Tá explicando então de onde pode ter vindo a inspiração. Fica agora a curiosidade em saber se ele ouviu isso em casa ou na escola…

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