Existe cordialidade no busão…

Tribuna | 02 de abril de 2014 | Foto: Brunno Covello/SMCS

…até mesmo durante um período de greve no sistema de transporte coletivo. A greve rendeu mais histórias de busão pra coluna! A colaboradora da vez é a leitora Eliane Baran Lyjak, que presenciou o momento em que o stress da paralisação se transformou em descontração:

“Última greve de ônibus. O caos instalado na cidade e para piorar tudo, caía a habitual chuva de final de tarde, bem no horário de rush. Naqueles dias da greve as pessoas estavam transtornadas, parecendo viver num clima de apocalipse: se acumulavam nos pontos e sempre que surgia um ônibus, ele representava a própria “tábua de salvação”. Umas perguntavam as outras “esse ônibus vai para tal lugar?”, mas nem ouviam a resposta, pois o que importava mesmo era embarcar num ônibus, não interessando muito qual era o destino dele, já que haviam poucos circulando.

Finalmente, o ônibus que pego todos os dias chega e eu consigo embarcar normalmente. É então que, aquela tensão toda dá lugar a algumas cenas divertidas…

Com o excesso de carros nas ruas, o engarrafamento era inevitável e o ônibus seguia lento. Em dado momento do trajeto, o cobrador reclama:

– Estou trabalhando desde o meio-dia. Emendei uma escala na outra e a empresa não me deu nem um café!!! Tô morrendo de fome!

Prontamente, um senhor oferece dinheiro para que ele descesse rapidamente e comprasse um lanche. Ele recusa. Mas, em seguida, outros passageiros insistem, porque afinal de contas, ele estava sendo “nosso verdadeiro herói”, trabalhando na greve.

Todos estavam sendo solidários com o problema do cobrador e alguém diz:

– Cara, você vai desmaiar desse jeito!!!

Àquela altura, a formalidade costumeira entre passageiros, cobrador e motorista não existia mais.

Então, para fugir do assunto, o cobrador começa a participar da conversa de um garotinho que falava sem parar com sua mãe, que estavam próximos dele.

A lentidão continuava. Naquele trecho da viagem nenhum passageiro embarcava mais, tempo para o cobrador brincar um pouco com o garoto:

– Quer sentar aqui no meu lugar? – propõe. – Vou te mostrar como funciona tudo…

O menino faz que sim com a cabeça.

– Olha é assim: o motorista só fecha a porta e arranca quando eu aperto esse botão. Senão ele fica parado esperando eu dar esse sinal para ele. Viu só? Eu que mando no motorista!!!

Todos os passageiros do ônibus riram alto. Com toda aquela descontração, parecia que estávamos, na verdade, era numa viagem de excursão.

Desembarquei, cansada pela demora, porém alegre por ter dado boas risadas.”

 

Leitura de busão: Christine. Autor: Stephen King. (Literatura Estrangeira/Terror)

 

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