Gladiadores do madrugueiro

Tribuna | 09 de setembro de 2013 | Foto: Brunno Covello/SMCS

O leitor Julio Stec enviou mais uma história de busão. Desta vez o ocorrido foi no madrugueiro, há alguns anos, depois de uma noitada no Largo da Ordem. “Quando entrei no ônibus observei no fundão um grupo de meia dúzia rapazes aparentemente alterados conversando alto e cantando, mas sem desrespeitar os demais passageiros. Na parada seguinte embarcou outra turma com aproximadamente o mesmo número de integrantes, que ainda na catraca já iniciaram as provocações. Eram grupos rivais com desavenças por resolver”, contou. E não precisou de muito tempo pra começar a confusão…

“Logo em seguida começaram os sopapos no corredor, justo no espaço onde eu estava. Temendo sobrar para mim tratei de me proteger como deu, e só não aconteceu graças à intervenção do cobrador, sob ameaças de seguir para delegacia, garantindo sua autoridade com a marreta de verificar a calibragem dos pneus em punho. O ônibus parou e cada turma desceu por diferentes portas se atracando de imediato com a fúria das antigas arenas. Se Curitiba tem seus gladiadores só espero que outros destes também não escolham o busão por Coliseu.”

 

Nova rota
Com a Tribuna de casa nova, troco também o ônibus para ir trabalhar. E assim não vejo mais motoristas, cobradores e passageiros que encontrava todo dia, no mesmo horário. Com certeza o que mais se destacou foi o motorista Alexandre, do Interbairros II. Um senhorzinho muito simpático que não deixa ninguém correr pra pegar o ônibus em vão (inclusive eu que já corri muito pra chegar a tempo no ponto).

E em uma das viagens, sem saber que eu faço a coluna, ele me contou sua história. “Queria ser piloto de avião, mas meu pai não podia pagar. Aí saí do interior com 20 anos e vim pilotar ônibus. Já tô há 42 anos aqui”, disse ele que garante ter andado em todas as 60 linhas operadas pela empresa que trabalha e só não gosta do “expressão”. Por quê?, perguntei. “Fica muita gente parada na frente, tampando o espelho”.

 

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