Quem será o próximo?

Tribuna | 10 de setembro de 2014 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Infelizmente é muito comum presenciarmos assaltos a passageiros nos ônibus. Eu, por exemplo, me lembro até hoje de um assalto que aconteceu bem na minha frente, na “sanfona” do biarticulado. Faz mais de dez anos, mas ainda escuto o estalo do nariz de um rapaz quebrando ao receber um soco. Tudo isso porque ele não quis entregar seu relógio. De lá pra cá muita coisa mudou (acho que pra pior). O que continua é a sensação de impotência diante destas situações.

Poderia até fazer um trocadilho sem graça e perguntar “a que ponto chegamos?”. Mas acho que a situação é muito triste para gracinhas.

Há alguns dias foi a vez do meu colega de redação, Jonatan Silva, passar por uma situação dessas:

“O ônibus deveria ser inviolável, ainda mais às 5h30 da manhã de uma terça-feira de frio em Curitiba. E, ainda mais, na Avenida das Torres.

O primeiro carro da linha Curitiba/São José sai do ponto do Pedro Moro pontualmente (porque o são-joseense é o britânico paranaense) às 5h20. Não leva nem 10 minutos para chegar à Avenida das Torres e tomar seu rumo para a capital.

Todos sonolentos e calados dentro do ônibus, incluindo o motorista, que não deve ter percebido quatro pessoas suspeitas vestindo capuz e agasalhos pedindo para que o coletivo parasse justamente em um local não menos suspeito. Dois rapazes. Duas moças.

Como de praxe, sentei quase no fundo do ônibus e resolvi não ir lendo. Coisa de Deus. O estardalhaço começou antes da roleta. Duas senhoras foram para a parte de trás e apertaram para descer.

‘Se alguém descer, morre’. A voz do jovem se tornou um trovão e a ordem foi obedecida. Guardei meu relógio com toda a calma no bolso da minha calça. O celular não deu tempo. Todos os que gritaram foram assaltados.

‘O que você tem?’ A moça perguntou sem fôlego, como se mau-caratismo cansasse. Estendi as mãos e ela viu que não tinha nada. Passou batido.

Os marginais desceram e o motoristas andou mais um pouco. Parou de volta. Desta vez, para chamar a polícia e registrar os trâmites da questão toda. Mas ele parou em outro lugar suspeito. Cansado de tanta emoção antes das 6h, desci do ônibus e peguei um que vinha atrás. Ainda cheguei dentro do horário no trabalho.”

 

Leitor

Quero aproveitar para mandar um abraço para meu leitor que me reconheceu no final de semana. Confesso que fui pega de surpresa e acabei nem pegando o nome dele, mas estou esperando sua colaboração para a coluna! Meu email é carolinab@tribunadoparana.com.br

 

http://www.parana-online.com.br/colunistas/papo-de-busao/105047/QUEM+SERA+O+PROXIMO