Rede integrada

Tribuna | 29 de julho de 2013 | Foto: Gerson Klaina

Algumas “figuras” já são conhecidas de quem trabalha na Central de Monitoramento da Guarda Municipal de Curitiba. Entre elas está a moradora de rua que, sem roupas, costuma dar estrelinhas na esquina das ruas Riachuelo e Alfredo Bufren, no centro. Mas observar situações bizarras da cidade é apenas consequência do serviço de acompanhar o movimento nas ruas e identificar possíveis problemas ou crimes.

A rede de monitoramento da Guarda conta com 175 câmeras, mas a partir de dezembro o alcance deve aumentar. A corporação se prepara para deixar o prédio em frente ao Passeio Público, que pertenceu ao Barão do Serro Azul, e mudar para a nova sede na Alameda Doutor Municy, onde será possível integrar os sistemas usados pela Urbs, radares de trânsito, além da parceria público-privada, podendo chegar a três mil câmeras. Também estarão integrados os serviços de rádio, comunicação via telefone e alarme dos equipamentos municipais, para o atendimento das ocorrências.

Eficiência
“Uma câmera bem instalada consegue otimizar o serviço de 14 profissionais e ajuda na ação rápida”, estima o diretor da Guarda Municipal de Curitiba, Cláudio Frederico de Carvalho. Um dos principais exemplos da eficácia do sistema foi o acompanhamento da tentativa de roubo no centro da cidade em janeiro. Um homem estava dentro de seu carro quando foi abordado pelo assaltante. A vítima reagiu e conseguiu balear o bandido, que ficou no local do crime. Ferida, a vítima parou o carro algumas quadras adiante e continuou com a arma, o que poderia confundi-la com o assaltante. As câmeras conseguiram esclarecer a situação.

A mudança de endereço também traz expectativa para a modernização do sistema, que atualmente enfrenta problemas com a incompatibilidade de algumas tecnologias usadas. Junto com o instinto dos guardas que fazem o monitoramento, os sistemas também devem identificar situações suspeitas.

 

Comunidade também ajuda
O diretor da Guarda, Cláudio Frederico de Carvalho, destaca a participação da comunidade, que considera a extensão do poder público, mas orienta os solicitantes a darem informações mais precisas sobre as ocorrências. “Sem preconceito ou racismo. Se viu, por exemplo, um travesti, fala que é um travesti, senão fica difícil. A mesma coisa sobre meninos de boné e mochila. Esta é uma característica normal, tem que puxar pelo que é diferente”, explica.

“Às vezes a pessoa está nervosa e não consegue passar a informação direito. A gente sempre pede pontos de referência da ocorrência, se o indivíduo fugiu, que rumo seguiu e as características das roupas”, complementa o guarda André Freitas. Em média são 80 ocorrências por dia e geralmente o período da tarde concentra o maior número de ligações.

Ocorrências
Entre as denúncias que chegam da população e são resultado do monitoramento e rondas dos guardas, a corporação destaca três principais ocorrências: uso e tráfico de drogas, pichações, maus tratos contra animais e situações que envolvem a Defesa Civil. Apenas na Praça Eufrásio Correia foram 201 ocorrências registradas em 200 dias. “Metade referente ao uso e tráfico de drogas, que resultaram em 45 adultos detidos e cinco menores de idade encaminhados à Delegacia do Adolescente”, conta o inspetor José Carlos Felipos Costa, responsável pelo Centro de Operações.

As denúncias também demonstram que os crimes são sazonais. Há algumas semanas a Guarda conseguiu identificar grupos que roubavam peças de bronze nos cemitérios. Também foram registradas, em menor número, ocorrências de roubo de tampas de bueiro e grelhas, para serem revendidas. Depois de repreendidos, os criminosos migram para outras modalidades.

 

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