Causos de Curitiba
Tribuna | 18 de fevereiro de 2013 | Foto: Felipe Rosa
Se por acaso você encontrar a pesquisadora Luciana do Rocio Mallon, 38, pelo seu bairro, tenha certeza de que existe alguma história interessante sobre o local. Isto porque ela segue qualquer indício de lenda que tenha ocorrido na cidade, nem que para isso precise conversar com dezenas de pessoas. Seja a loira fantasma da Praça da Ucrânia, a criação do bairro Batel, a assombração de um hotel da Rua Pedro Ivo ou o soldado sem cabeça da Praça Zacarias, tudo é assunto para ela, que já reuniu mais de 50 histórias sobre o assunto.
A intimidade com os causos de Curitiba começou ainda na infância, quando sua mãe contava as lendas da cidade ao invés das tradicionais histórias da Cinderela ou Branca de Neve. Depois de adulta, Luciana, que é formada em Letras e há anos trabalha no comércio, resolveu investigar as lendas por conta própria. “Fui office-boy, vendedora e balconista no comércio popular. Ia a lugares misteriosos e sempre perguntava de histórias interessantes, ia recolhendo os relatos”, conta ela, que faz o trabalho por hobby.
Após ouvir centenas de depoimentos, especialmente dos idosos que escutavam as histórias de seus parentes mais antigos, ela garante que não há um bairro da capital sem um causo interessante, sendo o centro da cidade o mais “movimentado”. As assombrações de fantasmas de pessoas que foram assassinadas também são as mais recorrentes.
Mas as lendas não são exclusivas do passado. Mesmo com muitos contos sobre a criação dos bairros curitibanos, por exemplo, situações recentes e que já estamparam as páginas dos jornais também ganham suas versões misteriosas. “Leio muita coisa na Tribuna e vou atrás, mas mudo os nomes dos envolvidos senão a família pode reclamar. Existe algo de realidade, de histórico, por trás das lendas”, revela.
Uma palavra…
Pesquisar as lendas curitibanas não é a única especialidade de Luciana, que também se revelou uma habilidosa repentista. Basta dizer uma palavra que rapidamente ela forma uma poesia sobre o assunto. “Vou fazendo com as palavras que surgem na minha cabeça”, explica.
Mais textos de Luciana estão espalhados pela internet e também publicados no site http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=lupoetisa
