Cenário assombroso

Tribuna | 28 de fevereiro de 2013 | Foto: Gerson Klaina

Mato alto, túmulos violados, macumbas e pedaços de caixão espalhados pelo caminho. O cenário que mais parece um filme de terror assombra os moradores de Praia de Leste, em Pontal do Paraná. O primeiro cemitério da região, fundado há cerca de 50 anos, quando a área ainda pertecencia a Paranaguá, deixou de receber sepultamentos há dez, mas se tornou um ponto frequentado por vândalos, usuários de drogas e moradores de rua.

O local é uma propriedade particular e, de acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Domingues de Aguiar, é alvo de um impasse judicial. A área não tem posse consolidada nem isolamento necessário para os cemitérios, ameaçando contaminar a água e o solo. Para os moradores próximos, o risco também envolve a segurança com o uso indevido do local.

“Ali só serve para tumultuar, só tem o que não presta”, reclama a comerciante Maria Cleide da Silva. Dona de uma quitanda próxima ao cemitério, ela conta que é vítima de assaltos e arrombamentos por usuários do local. “Até um mendigo estava dormindo dentro de um túmulo”, relata.

A estimativa é que 70 corpos foram sepultados ali, mas apenas pouco mais de dez estão com a documentação em ordem, contando com atestado de óbito, por exemplo. Para acabar com o problema, o município está fazendo a retirada dos restos mortais e transferindo-os para o Cemitério Municipal no balneário de Pontal do Sul, para então desativar o local.

Trinta corpos já foram retirados e Ricardo ainda aguarda que outras famílias providenciem a remoção. O prazo é até o final de abril, quando será aberto um edital para demolição dos túmulos. “Depois serão retirados todos os corpos, por vontade ou não das famílias”, alerta. Famílias de baixa renda recebem isenção das taxas para exumação e remoção dos restos mortais, enquanto o valor cobrado para as demais é de R$ 450 na compra de um novo túmulo.

 

Construção de praça divide opiniões
A prefeitura irá seguir a resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que determina a construção de praças públicas em locais onde antes existiam cemitérios que foram desativados, mas negocia a criação de uma capela mortuária no local.

Para a dona de casa Neide de Freitas, que mora ao lado do cemitério, qualquer construção será bem-vinda, desde que o problema seja resolvido. “O que fizerem está bom. Não tenho medo, mas acho que isso é falta de respeito com os mortos”, diz. A comerciante Tereza Aparecida Morais Rocha sugere outros investimentos: “pode ser uma academia ao ar livre, ou até mesmo uma escola”.

 

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