Múltiplos talentos

Tribuna | 08 de abril de 2013 | Foto: Felipe Rosa

É muito provável que todo curitibano já tenha ouvido falar de Efigênia Rolim. Mais que isso, todos que alguma vez na vida estiveram na Feirinha do Largo da Ordem tiveram a oportunidade de ver alguma de suas performances, que mesmo no auge de seus 82 anos de idade, continuam sendo realizadas com muita energia.

O que talvez muitas pessoas não saibam é que o nascimento desta figura tão singular ¬ e que possui um título de comendadora ¬ aconteceu em 1990, no “encontro” de Efigênia com um papel de bala jogado no chão em plena Boca Maldita, próximo ao Bondinho. “Estava andando na Rua XV de Novembro e pensei que era uma joia no chão, mas era um papel de bala. Aí pensei, ‘de que adianta um papel de bala’. Mas ouvi Cristo falando que se fosse uma joia eu iria só usar e não ia fazer nada mais com aquilo”, conta.

A partir de então, muitas obras de arte começaram a ser produzidas, tendo como matéria-prima materiais recicláveis. Com o passar do tempo, o trabalho que começou a ser apresentado no Largo da Ordem passou a chamar a atenção dos curitibanos e também de pessoas de outras partes do mundo. Mas, mais do que obras de arte, Efigênia pretende destacar o cuidado com mundo. “Enquanto o papel ainda tem recheio as pessoas cuidam dele com o maior cuidado, mas depois não… Estou dando vida aos materiais. Muito se fala em ecologia, mas para entender o mundo tem que trabalhar muito com ele”, reflete.

 

Múltipla
Além de artista plástica, Efigênia também relevou intimidade com outras manifestações artísticas. Muitos sentimentos e situações que fizeram parte de sua vida são retratados nos poemas com os quais ela diz ter “desabafado muito”. Junto com isso vem seu dom de contadora de histórias, cantora e desenhista, em uma constante evolução.

Tudo isso começou a ser colocado em prática na terceira idade. Antes disso Efigênia, que nasceu no município mineiro de Abre Campo, passou por uma vida pobre onde trabalhou na lavoura e chegou com três de seus nove filhos a Curitiba, onde não tinha onde morar. Toda sua trajetória se transformou no livro “A viagem de Efigênia Rolim nas asas do peixe voador”, escrito pela jornalista Dinah Ribas Pinheiro. “A felicidade não é voar alto, mas ter onde pousar”, ensina a artista, que garante ter um acordo com Deus para viver até os 100 anos de idade.

 

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