Som e sonhos na beira da estrada
Tribuna | 13 de agosto de 2012 | Foto: Átila Alberti
Alheia ao som dos carros e caminhões que passam pelo Contorno Norte, próximo ao quilômetro 3,5, uma casinha de madeira na beira da estrada, no Jardim Três Pinheiros, quase passa despercebida, assim como a placa que anuncia a venda de viola, violão, cavaquinho e outros instrumentos musicais. Mas se por alguns instantes o barulho dos veículos cessar e o ouvinte estiver atento, será possível perceber que dali sai o som da viola artesanal, produzida no próprio espaço.
A casinha pequena abriga uma fábrica de instrumentos musicais produzidos por Marciano Ribeiro Fuci, 29. Ex-boia-fria, ele deixou a cidade de Iretama, no norte do Paraná, para buscar novas oportunidades na capital e desde 2008 se dedica ao trabalho na madeira. Seu primeiro instrumento, porém, veio de uma lata de óleo, da qual conseguiu criar um cavaquinho para entoar um difícil hino religioso. “Percebi que tinha o dom e coloquei na mente que iria fazer violas”, lembra.
Depois de aprender com os amigos como trabalhar com as medidas corretas, ele passou a viver da venda e do conserto dos instrumentos, que rendem entre R$ 500 e R$ 1,5 mil mensais. A procura ainda não é tão grande quanto Marciano espera e os clientes mais assíduos são músicos que preferem os instrumentos artesanais. “Quem gosta percebe que o som é diferente”, diz.
Para produzir os violões e violas, ele utiliza qualquer pedaço de madeira que encontra, inclusive os que são descartados no lixo. “Tudo presta para o trabalho, aproveito tudo”, conta, mostrado a emenda perfeita entre as partes utilizadas para fazer os instrumentos. Passados quatro anos do primeiro acorde, ele espera crescer ainda mais. Seu sonho é ter uma grande fábrica de instrumentos artesanais.
Com a voz
Não é apenas o som dos violões e violas produzidas por Marciano que fazem sucesso. Ele acaba de gravar um CD com músicas gospel, gravadas, é claro, com o som de seus instrumentos. A gravação deve ficar pronta em um mês.
Confira o vídeo: Viola
