Prazer em ler

Tribuna | 29 de outubro de 2012 | Foto: Marco Lima

Até pouco tempo, as atividades culturais não eram o forte do bairro Santa Terezinha, em Fazenda Rio Grande. Com três escolas na região, nenhuma delas conta com biblioteca aberta para a comunidade e ficava difícil aos moradores irem até o centro para buscar livros. A situação começou a mudar em maio deste ano, quando foi erguida no número 744 da Rua Santa Mônica uma casa diferente, com o teto em formato de livro aberto e com um lápis gigante instalado na entrada.

No primeiro momento, a Indústria do Conhecimento, resultado de parceria entre o Sesi e a prefeitura, causou estranheza aos moradores, que não sabiam se era preciso pagar para frequentar o local. Mas não demorou muito para todos se encantarem com a estrutura e tudo o que o espaço tem a oferecer. Mais do que a pintura em dia, das cadeiras de rodinha e do ar condicionado – que fazem a alegria da criançada -, a comunidade encontrou ali um local para conhecer novas possibilidades de desenvolvimento.

Estão à disposição livros de assuntos variados e computadores com acesso à internet, além de atividades de contação de história. A maioria dos frequentadores são crianças, mas também passam por lá pais e idosos. O principal objetivo é fazer com que todos peguem gosto pela leitura e pela informação. “Acredito na educação, é o único meio para as crianças saírem das ruas. Aqui a gente vê o envolvimento, estamos acrescentando algo na vida delas”, diz a responsável pelas atividades e professora de Literatura do município, Lucinéia da Rocha Drohomereschi, 39.

E pelo jeito deu certo. Mais de 180 usuários estão cadastrados e o entra e sai de pessoas é constante. Entre os frequentadores mais assíduos está a jovem Vanessa dos Santos Martins, 12, que vai à Indústria toda semana, sempre acompanhada pelo pai, José Padilha, 42, que também aproveita as visitas. “Não lia antes porque não tinha biblioteca por aqui. Já fiz minha carteirinha assim que começou a funcionar”, conta ela.

 

De jogos a receitas

No contato com o público, a professora Lucinéia Drohomereschi percebeu que era preciso fazer mais do que apenas receber a comunidade. “Muitas mães estão desempregadas, algumas até em depressão e encontraram aqui um apoio”, diz. Assim, a equipe da Indústria, composta por mais duas estagiárias, passou a oferecer atividades de artesanato, que elas mesmas aprendem na internet para ensinar.

O simples acesso à internet também se transformou em aulas de informática, em que os pequenos aprendem a digitar. O próximo passo é oferecer a atividade para a população da terceira idade, interessados na rede mundial de computadores, principalmente para procurar receitas culinárias. “A curiosidade moveu a comunidade pra cá, quando eles chegaram aqui, encontraram mais coisas e se fixaram”, comemora a estagiária Aline Resende Ferreira, 17.

O gerente das unidades Sesi Senai de Araucária e Fazenda Rio Grande, Gilson Luiz Magno Kostrzepa, ainda tem planos maiores: envolver todo o município no espaço. “O aproveitamento é muito bom, mas não queremos apenas o entorno ali e sim toda a cidade usufruindo”, diz. A Indústria do Conhecimento aceita doação de livros não didáticos. Informações pelo telefone (41) 3627-3337.

 http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/632007/?noticia=INDUSTRIA+DO+CONHECIMENTO+E+CULTURA+EM+FAZENDA