Denuncie esta praga!

Tribuna | 18 de junho de 2012 | Foto: Allan Costa Pinto

As denúncias feitas ao 181 Narcodenúncia, utilizado pela Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, foram responsáveis pela apreensão de mais 800 quilos de maconha, 15 mil pedras de crack, quase dois quilos de cocaína, 129 comprimidos de ecstasy e 78 papelotes de LSD em Curitiba, entre janeiro e maio deste ano. Os números representam um mercado em pleno vapor na cidade, que não tem mais um perfil específico para consumo ou para a venda, mas também revelam a importância da participação da comunidade no combate ao tráfico de drogas.

Na maioria dos casos é a partir das ligações da população que começam as investigações. “As autoridades não têm como trabalhar sem denúncia, é a base”, diz o coordenador estadual do 181 Narcodenúncia, tenente Edvan Fragoso. Os dados informados são encaminhados aos serviços de inteligência das corporações, que nem sempre agem imediatamente. O tenente esclarece, porém, que nenhuma informação é descartada. Elas influenciam até mesmo na escolha dos locais para a instalação de unidades de policiamento e outras medidas de combate à violência.

Nos primeiros cinco meses deste ano, o CIC, o Centro e o Cajuru foram os bairros com maior quantidade de droga apreendida em decorrência de denúncias ao 181. No entanto, a participação dos moradores em determinados bairros e o volume encontrado pela polícia não representam exatamente como está o tráfico na região. “Quando são feitas mais denúncias em determinado bairro não significa que ali o tráfico é mais forte. Também pode acontecer da população ter mais medo onde há mais tráfico e não denunciar”, explica.

 


Curitiba tem pequenas cracolândias
O presidente da Associação das Comunidades Terapêuticas e vice-presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas, Marcos Aurélio Pinheiro, define um cenário para a capital. “O crescimento é grande, assustador e Curitiba tem várias pequenas cracolândias. Infelizmente a retração no uso não existe”, afirma. Ele acredita que ainda faltam políticas públicas na área. Entre as principais deficiências, Pinheiro aponta a prevenção e a inserção social dos dependentes químicos, que influencia diretamente o contexto das drogas.

“Também falta um hospital específico para o tratamento da dependência”, pontua. A situação deve começar a melhorar. O governador Beto Richa encaminhou à Assembleia Legislativa a lei número 17.139, que autoriza o Estado a firmar convênios com associações de prevenção, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas (APAD’s).

 


Todas as classes sociais consomem crack
Nos seis últimos meses o policiamento ostensivo da PM apreendeu cerca de 230 quilos de drogas na capital, mas diferente dos casos de homicídios, não é possível fazer um levantamento específico de como está a situação em toda a cidade.

No entanto, uma coisa é certa: o crack é considerado, por unanimidade, um dos principais vilões da história. Seu preço e potencial para o vício fizeram uma verdadeira revolução no cenário da dependência química. “O crack está atingindo todos os níveis. Antes o consumo era maior entre as classes mais baixas, mas agora também está na classe alta”, afirma a delegada da Divisão Estadual de Narcóticos da Polícia Civil (Denarc Curitiba), Camila Cecconello. A maconha segue entre as mais consumidas enquanto a cocaína perdeu terreno nos últimos anos.

“Não é possível afirmar que o número de usuários de drogas aumentou ou diminuiu. O fato é que, como os usuários não são mais presos, aumentou a incidência de pessoas que consomem drogas em áreas públicas e está muito mais visível”, explica a delegada. Ela conta ainda que a investigação segue duas linhas de ação: com foco no pequeno traficante, que mais incomoda a população nos bairros, e na desarticulação das redes de tráfico.

 

 

http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/616168/?noticia=DENUNCIAS+AJUDAM+POLICIA+A+APREENDER+DROGAS