Helena, a pioneira

Tribuna Regional – Boqueirão | março de 2015 | Foto: Ciciro Back

“Tinha uma casinha aqui, outra lá e muito campo”. Este foi o retrato do Hauer que a dona de casa Helena Laskoski, 82, encontrou quando se mudou para o bairro em 1951. Além dos poucos moradores, a região não contava com serviço de luz nem de água, que chegou quase duas décadas depois.

“Não tinha nada. A gente usava lampião pra iluminar e fazia tudo com a água do poço”, lembra Helena, que é a moradora mais antiga da região e continua no mesmo terreno em que chegou recém-casada. Antes, ela morava na área rural de Araucária, na Região Metropolitana, onde conheceu o marido, que era seu vizinho e trabalhava em uma fábrica de louças no Hauer. Foi por isso a escolha do local para começar a nova família.

Em quase 65 anos morando no bairro, Helena acompanhou todo o processo de desenvolvimento da região, como a chegada da primeira igreja e o primeiro grupo escolar. O único açougue era concorrido, era preciso chegar às 6h para conseguir comprar carne, entregue enrolada em jornal.

Desde os tempo em que era coberta de macadame, a Avenida Marechal Floriano Peixoto já era a principal via da região. De sua casa, Helena via os raros ônibus passando pela avenida, situação que ficou apenas na lembrança, pois toda a vizinhança está ocupada por grandes casas e barracões comerciais. “Às vezes alagava a rua e muita gente não conseguia chegar no trabalho. Onde é o Shopping Cidade hoje funcionava uma olaria”, conta. “Agora tem tudo, na verdade só falta um mercado grande aqui perto. No mais é um bairro gostoso, tenho muitos conhecidos”, diz.

Trabalho
Ao mesmo tempo em que cuidava dos quatro filhos, Helena ajudava no orçamento familiar com a pequena plantação que tinha no terreno. A colheita era variada e despertou o interesse dos vizinhos que recorriam à produção da família Laskoski. “Também lavava roupa pra fora, enrolava bala, fazia guarda chuva. A gente tinha que se virar”, afirma.

A dedicação segue até hoje. Além da pensão que recebe pela morte do marido, Helena não abre mão de seguir com a venda de cosméticos e de se comunicar com a vizinhança. “Gosto de vender, lidar com o povo. Estou sempre passeando, não gosto de ficar trancada dentro de casa”, garante ela, que é responsável pela entrega da capelinha da igreja entre a comunidade.

 

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