Amor pela magrela

Tribuna Regional – Boqueirão | janeiro de 2015 | Foto: Giuliano Gomes

O número 5233 da Avenida Marechal Floriano Peixoto já é tradicional na região. É ali que Darci Fabris comanda, desde outubro de 1960, a bicicletaria que leva o nome da família. Em mais de meio século de atividade, o ofício ensinado pelos tios e aprendido rapidamente pelo jovem virou uma paixão que ele – aos 75 anos de idade – não pretende abandonar tão cedo. “Estou aqui porque gosto. Sou teimoso, pela família eu já tinha parado, mas tenho pena de deixar”, afirma categórico o senhor que chegou em Curitiba aos 13 anos de idade, vindo do município de Rebouças, no sudeste paranaense.

Os moradores da vizinhança já conhecem a história do bicicleteiro do Hauer. Assim como o estabelecimento, a clientela também é familiar. São pais, filhos e até netos de frequentadores que apostam na experiência de Fabris, um dos mais antigos e experientes no ramo em toda a cidade. “A bicicleta é um veículo que leva muito tempo de trabalho. Não tem como prever quanto tempo pode demorar. Os clientes antigos estão habituados com o meu serviço”, explica.

Em alguns minutos observando o trabalho é possível perceber a intimidade e a habilidade com o serviço de consertar as bicicletas, com “olho clínico” e mãos tomadas pela graxa. A pouca mão de obra interessada na atividade faz com que Fabris se desdobre entre os inúmeros serviços que chegam todos os dias.

Alguns clientes são ciclistas que estão de passagem, especialmente depois que foi instalada a ciclofaixa na avenida em frente ao estabelecimento. Ele, porém, tem críticas a fazer sobre instalação da pista. “Não trouxe muita vantagem pra mim. Bem na frente da loja ela cruza a canaleta e passa pro outro lado”, observa. “Achei desencontrada, não sei se foi feito tudo apressado por causa da Copa do Mundo”, opina.

Mudanças
Entre rodas, aros e guidões, Fabris acompanhou todo o desenvolvimento da região e também o aumento do uso das bicicletas na cidade. “Estão andando mais de bicicleta. Antes era mais difícil e agora ficou barato, com mais divulgação. Também por causa da saúde e como um meio de transporte”, comenta.

Décadas antes, o movimento era menor pelas ruas de macadame e raros ônibus que circulavam pela região. “Aqui era um ponto de encontro, o pessoal se reunia para jogar futebol”, lembra.

E durante os anos, o negócio resistiu a inúmeras crises, a mais grave relacionada à compra do prédio onde está instalado há décadas. “Nossa decepção é essa, não compramos outro lugar porque queríamos continuar aqui, mas não conseguimos e ficamos na mão”, lamenta. Também por isso, diz ele, não foi possível modernizar o negócio, que segue em um ambiente que não mudou muito com o passar dos anos.

 

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