Água sumindo

Tribuna | 1° de novembro de 2014 | Foto: Átila Alberti

A baixa no nível da água na Represa do Capivari, em Campina Grande do Sul, é evidente. Basta passar rapidamente pela região para observar a faixa de terra nas encostas que até então eram cobertas pela água. Sem grandes volumes de chuva, a situação já representa transtornos especialmente para moradores do entorno da represa. Mas a represa não é utilizada para a captação de água para consumo e, de acordo com a Copel, o nível baixo não compromete o funcionamento da Usina Hidroelétrica Governador Parigot de Souza, localizada em Antonina, nem o fornecimento de energia.

O setor mais afetado é o que oferece atividades de lazer, já que a região concentra diversos recantos destinados para a pesca e passeios de barco. “Desta vez é o recorde, um dos níveis mais baixos na represa”, relata o morador Amauri Alegro Bandeira, 47, que está na região desde que nasceu.

Para o caseiro do Parque Ecológico Ari Coutinho Bandeira, que nos finais de semana é bastante movimentado, a situação é cíclica e deve ser resolver em breve. “Tá com pouca chuva, mas também é normal por causa da usina”, opina Manoel dos Santos, 53, trabalhando no local há 27 anos.

A situação mais preocupante, porém, é encontrada no Recanto Tio Toni, onde toda a área antes ocupada pela água agora está seca, coberta apenas pela vegetação. Nos finais de semana o local costuma receber em seu acampamento visitantes da grande Curitiba e até dos estados vizinhos, mas nos últimos meses o movimento caiu em 100%.

De acordo com a responsável pela área, Dircinha Bero Bill, 60, o problema se estende desde o começo do ano. “A gente depende da água. O pessoal quase chora porque quer vir pescar e não tem água. Não tem como usar as rampas nem nada”, lamenta. De acordo com ela, o nível da represa não chega a seu auge há pelo menos três anos e desta vez, a seca está tão intensa no local que até os peixes estão morrendo. “Está prejudicando a desova dos peixes, temos tilápias nos pesqueiros que não conseguem fazer a desova e morrem”, diz preocupada.

Usina
A represa do Capivari alimenta a Usina Hidroelétrica Governador Parigot de Souza (com 260 MW), em Antonina, e é acompanhada pela Copel. A empresa informou que os reservatórios não estão sofrendo os efeitos da estiagem e se encontram em nível satisfatório.

De acordo com a Copel, o “reservatório Capivari encontra-se com 22% de sua capacidade e não compromete a operação normal da usina”. Além disso, ele está cinco metros acima do nível para geração e baixou apenas um metro nos últimos 15 dias. “Dadas as capacidades instaladas relativas e a previsão de chuvas neste final de semana e no início da próxima, o cenário não inspira preocupação sobre a geração de energia no Paraná no curto prazo”.

Abastecimento
A Sanepar garante que a população de Curitiba e Região Metropolitana não precisa se preocupar com o abastecimento de água. De acordo com a companhia, as quatro estações de tratamento utilizadas como fonte (Passaúna, Iraí, Piraquara I e II) estão com 96% da capacidade e têm autonomia para até oito meses sem chuvas.

 

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