Magia do Natal

Tribuna | 26 de dezembro de 2014 | Foto: Suellen Lima

O primeiro plantão natalino da médica Camila Schievano Barros, 32 anos, foi tão marcante que até hoje reflete no seu trabalho em datas especiais. Na virada de 24 para 25 de dezembro de 2011, quando Camila trabalhava no Siate e, durante um plantão até então tranquilo, sua equipe foi chamada para atender uma ocorrência no Sítio Cercado.

Passava pouco da meia-noite quando eles chegaram a uma casa ocupada por usuários de drogas. No ambiente precário e sem iluminação, uma jovem mãe estava prestes a dar à luz e não havia tempo para ser encaminhada ao hospital. “A única iluminação que a gente tinha era das lanternas que os policiais usavam e a mãe estava muito debilitada”, lembra a doutora Camila, que viu na situação o real sentido da palavra renascimento.

Retomada
“Naquele ano tinha passado por várias mudanças e meu lado espiritual estava apagado. Mas tudo isso me vez ver que nada acontece por acaso, que eu deveria voltar a acreditar na oportunidade da vida”, conta. Mais do que conduzir o parto com o enfermeiro de sua equipe, Camila ficou comovida com as condições do nascimento da menina e por acontecer justamente na noite de Natal. “Foi uma situação incrível, juntando todo o contexto. Isso mostra que Deus faz tudo e que nos dá todo dia a oportunidade da vida”, avalia.

Mãe e filha (que ontem comemorou 3 anos) foram encaminhadas para o Centro Médico Comunitário do Bairro Novo, onde Camila descobriu que a jovem tinha outros filhos, era usuária de drogas e havia fugido do local na manhã do mesmo dia, já em trabalho de parto. A recém-nascida foi encaminhada para a UTI neonatal e se recuperou dias depois.

Valor
Desde aquela noite de Natal, Camila deixou de se preocupar em trabalhar em datas comemorativas. Atualmente ela é emergencista clínica no Hospital Cajuru e mesmo com a rotina puxada dos plantões em emergência consegue aproveitar os momentos com a família além de dar valor ao que faz no horário de trabalho. “Todo mundo é especial e cada um de nós tem um motivo de estar aqui, tanto o paciente quanto os médicos. Todo dia temos uma nova oportunidade na vida, de recomeçar e enfrentar os desafios da vida”.

 

Longe da família
No Batalhão do Corpo de Bombeiros, o trabalho nos feriados também faz parte da rotina, afinal, nunca se sabe quando uma emergência pode acontecer. Há oito anos na corporação, o primeiro-tenente Renato Costa Barbosa, 25, está acostumado com as escalas e as comemorações longe da família. “No primeiro ano a gente sente mais, mas depois acostuma”, afirma o oficial, que ainda não tem filhos, mas acha que nesta condição tudo fica “mais complicado”.

Porém, a partir do ano que vem, a divisão entre família e trabalho no feriado de Natal terá uma mudança para o tenente Renato. Sua esposa que também é tenente do Corpo de Bombeiros irá trabalhar no mesmo batalhão e “disputar” a escala de trabalho. ‘Agora pode coincidir de nós dois trabalharmos, um no dia 24 e outro no dia 25. Mas a gente sacrifica um feriado para folgar no outro”, explica.

Época
Nesta época do ano, Curitiba fica mais vazia e, consequentemente, o número de ocorrências diminui. As situações mais comuns são acidentes com fogos de artifício, especialmente na virada do ano, e afogamentos em cavas, por causa do calor. “A maioria das pessoas vai para o litoral, então fica bem mais tranquilo”, diz o tenente.

 

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