Truco do prefeito

Tribuna | 16 de março de 2014 | Foto: Lineu Filho

O prefeito Gustavo Fruet anunciou ontem que pretende manter o preço da passagem paga pelo usuário em R$ 2,70. Para continuar com este valor, ele determinou o corte e a redução de sete itens da planilha de cálculo da tarifa. Porém, a decisão definitiva de que a passagem continuará sem aumento para os passageiros ainda depende da Justiça, que irá avaliar o pedido de retirada de outros três elementos que também fazem parte da conta. Além disso, não está garantida a continuidade da integração do sistema de transporte com os municípios da Região Metropolitana.

“Não adianta só a discussão se a gente não mexer no custo de toda a operação. Toda vez que só mexe na tarifa do usuário vai ter que aumentar o valor do subsídio, ou seja, é recurso público de qualquer maneira, da prefeitura ou qualquer outra fonte como o governo do Estado”, afirmou o prefeito, que destacou o risco de um desequilíbrio do sistema caso a estratégia de apenas repassar o aumento ao usuário continue. “Estamos fazendo todo esforço para evitar aumentar a tarifa do usuário e todo esforço para diminuir o valor da tarifa técnica, senão isso não se sustenta, vai ficar nesse processo uma conta impagável em curto prazo”, disse.

A iniciativa de Fruet também pretende pressionar a administração estadual para que se posicione em relação ao sistema metropolitano. O convênio que mantinha a integração do transporte com a Região Metropolitana encerrou no último sábado, mas de acordo com o prefeito, a contraproposta apresentada pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) não foi satisfatória. A oferta foi de uma renovação do contrato com o pagamento de R$ 6 milhões até outubro, quando estão previstas eleições para cargos do governo estadual, entre outros. Além disso, o valor é considerado insuficiente para cobrir os custos do sistema intermunicipal.

“Além de o município manter toda operação, apoio técnico e fiscalizatório das linhas integradas, ainda tínhamos que continuar bancando a operação a custo zero”, observou o presidente da Urbs, Roberto Gregorio da Silva Junior. Desta forma, o órgão informou que deixa de se responsabilizar pelo contato com as empresas metropolitanas. “O pagamento para as empresas contratadas pelo governo do Estado é de responsabilidade do governo do Estado. Se ele vai ter que colocar mais ou menos subsídio é uma questão que o governo do Estado vai ter que resolver”, completou.

Integração
Desta maneira, a manutenção da passagem em R$ 2,70 apresentada por Fruet é referente apenas para Curitiba, sem contemplar o sistema integrado, mas o prefeito defende que os critérios utilizados para a redução da tarifa técnica também podem ser aplicados nas linhas intermunicipais. O valor de R$ 2 milhões que a capital investia para manter o sistema integrado será aplicado agora para a manutenção da tarifa sem aumento ao usuário.

A Comec não se manifestou sobre a situação e deve divulgar um pronunciamento ainda hoje. Ainda não foram dadas informações sobre possíveis mudanças no sistema que é atualmente utilizado pelos passageiros.

 

Empresários estão “perplexos”
Para o assessor da diretoria do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), Antonio José Vellozo, algumas alterações divulgadas por Fruet não trazem grandes impactos na atuação das empresas. “O kit inverno, por exemplo, simplesmente atendíamos a exigência. Isso não afeta, sai o custo e deixa de entrar a receita”, observou.

No entanto, outros foram considerados controversos, já que estão previstos no contrato da licitação realizada em 2009. “O empresário está empenhado com as despesas. Perante o contrato entre as empresas isso poderia ser considerado quebra do equilíbrio econômico financeiro do contrato”, avalia Vellozo. “Não gostamos de tarifa alta, isso assusta o usuário, tira gente do ônibus. É ruim para nós”, defendeu.

O sindicato também divulgou uma nota, em que demonstra “preocupação e perplexidade” com o anúncio do prefeito. “As declarações não levaram em conta a existência de ações judiciais em trâmite pelas Varas da Fazenda da Capital, onde perícias haverão de ser levadas a efeito para chegar a um resultado. De outro vértice é de conhecimento notório que liminar do Tribunal de Justiça do Estado impede qualquer alteração nos componentes da planilha de custos até o julgamento final do Mandado de Segurança impetrado pelo Setransp que, inclusive favorece a atuação da Urbs”, diz o documento.

 
Sindicato quer mudar tubos
Um dos elementos retirados da composição da tarifa foi o kit inverno entregue a motoristas e cobradores. Mesmo fora dos cálculos, o prefeito se comprometeu a garantir aos trabalhadores a possibilidade de utilizarem qualquer tipo de uniforme ou definir com a Fundação de Ação Social (FAS) uma estratégia de atendimento.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ânibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Anderson Teixeira, esta era uma medida paliativa, que ser substituída por uma solução definitiva. “O sindicato vai lutar por mudanças na estrutura dos tubos, para melhorar a condição de trabalho no inverno”, afirma.

Compromisso
Sobre o anúncio do prefeito, Teixeira afirmou que havia um compromisso em não aumentar a tarifa. Para ele, o governo municipal está cumprindo sua parte na negociação. (Colaborou: Loise Clemente)

 

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