Melodias de paz

Tribuna | 10 de março de 2014 | Foto: Suellen Lima

É difícil ficar indiferente ao som das flautas de bambu manuseadas por músicos que se apresentam em diversas praças da cidade. Entre eles está o equatoriano Diego Maldonado, 30, que saiu de sua terra natal (a cidade de Otavalo, localizada a duas horas da capital Quito) para apresentar mundo afora as músicas folclóricas e espirituais incas. “É a música de nossos ancestrais incas. São músicas que relaxam o corpo, que são sentimentais. Sinto que estou flutuando quando toco as músicas”, apresenta ele, que diz se empenhar ainda mais quando percebe a atenção do público.

Diego, que já tocou na Itália, França e Espanha, fixou moradia há um ano e meio em Curitiba, onde ainda pretende ficar por um bom tempo. O motivo, diz, é a aceitação seu trabalho pelo público curitibano. “Curitiba é a melhor cidade. As pessoas são mais alegres, gostam da nossa música e a gente gosta daqui”, conta. Eventualmente, as apresentações se estendem por outras cidades próximas, que ele considera menos violentas em comparação com as metrópoles brasileiras.

Antes de se dedicar à música, Diego largou há três anos uma possível carreira no futebol equatoriano, o que só não se tornou realidade por falta de recursos por sua família. Hoje, o músico se apresenta em diversas praças da capital paranaense na companhia de sua esposa, Maria Joana Cushcagua, 29, e garante que é possível viver com a renda levantada pela venda de CDs e do artesanato produzido pelo casal, como pulseiras e filtros de sonhos.

Para os diferentes “palcos” espalhados pela cidade são levados pelo menos oito modelos de flautas pan e quenachos, instrumentos utilizados nas performances. Cada um tem um som diferente e faz toda a diferença nas músicas. Também faz parte da bagagem um grande acervo de CDs vendidos durante as apresentações. “Deus me deu o dom para tocar, é um sentimento muito grande. Vou tocar até onde puder”, afirma ele, que vem de uma família de músicos, onde o pai e o avô se dedicavam à cultura inca.

 

Parada obrigatória
Quem acompanha a apresentação do músico, mesmo que por apenas alguns minutos, diz que a sensação trazida pelo som que sai das flautas de bambu é de paz. Foi esta a definição do público entrevistado pelos Caçadores de Notícias na última sexta-feira, enquanto Diego estava na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba.

“Acho o som maravilhoso, sinto que nos conecta com a natureza. E parece que ele toca com a alma”, disse a operadora de caixa Cristiane de Fátima Turek, 37, que costuma prestigiar o músico. “Também adoro essa cultura indígena, acho muito interessante”, completou. Acompanhada pelo filho Enzo Henrique, 7, ela parou para que o menino conhecesse o estilo musical, que junto com as roupas usadas por Diego, o impressionou. “Achei muito legal. Eu gosto de colorido”, afirmou o garoto.

Próximo ao músico, a família de Karina dos Santos, 24, e Alair Dias de Oliveira, 60, ocupava um dos bancos da praça apenas para apreciar o som. O casal e seus três filhos ficaram por algum tempo no local. “Paramos aqui por causa da música”, disse o armador. “Dá uma paz no coração da gente”, definiu a dona de casa, que sempre que pode faz uma parada para ouvir o som.

Ontem ela ainda aproveitou a oportunidade e comprou dois CDs. A estudante de Direito Regiane de Couto, 42, também costuma parar para acompanhar a música quando encontra o músico por onde passa. “Transmite uma paz muito bacana”, contou.

 

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