Todo mundo junto

Tribuna | 15 de janeiro de 2014 | Foto: Tribuna

Nunca me esqueço do dia que estava indo de ônibus para Antonina e percebi quando um rapaz chegou até a sua poltrona e foi logo puxando assunto com a garota que iria viajar ao seu lado: ‘Como vamos morar juntos nas próximas duas horas, deixa eu me apresentar. Sou Fulano‘, disse. Na hora achei engraçado, mas percebi que o espírito de viajar de ônibus é esse mesmo. Seja por duas ou vinte horas, durante o todo trajeto o povo fica junto e acaba compartilhando momentos da viagem. E foi exatamente disso que lembrei quando recebi a colaboração da amiga Ana Tigrinho, sobre sua ida ao litoral:

‘Primeiro fim de semana depois do Natal – ou o último do ano, quando 90% de Curitiba entra em recesso e tem a brilhante ideia coletiva de descer para a praia. Rodoviária de Curitiba, em sua reforma eterna, estava um caos indefinível. O ônibus que leva até o trapiche da Ilha do Mel é o que reúne o maior número de figura/bicho-grilo por metro quadrado. Não bastasse, atrasa uma hora.

Já embarcadas, as figuras reunidas prometem. O casal sentado no banco da frente puxa do isopor uma garrafa de whisky Red Label, copos e gelo. Oferece aos companheiros da fila ao lado, que se empolgam. Como sempre tem um que leva violão para a Ilha do Mel, logo é requisitado para animar a galera do busão.

Entre um e outro ‘toca Raul‘, o ônibus passa por um processo lento no caminho ao litoral: a cada um minuto andado, cinco minutos parado. Animados com o whisky e o violão, uns cinco bichos-grilo resolvem aproveitar as paradinhas para fumar um cigarro. Eis que, milagrosamente, o trânsito abre e começa a andar como num fim de semana qualquer. Não teve jeito, os figuras tiveram que apelar ao velho método da carona para chegar à Ilha do Mel…‘

 

Leitura de busão: O Ladrão de Raios. Autor: Rick Riordan (Literatura Infanto-juvenil). Já que viagem de ônibus rodoviário sempre combina com um livro.

 

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