Sou pobre não…

Tribuna | 19 de novembro de 2012 | Foto: Brunno Covello/SMCS

A mulher contava pras amigas que a colega de trabalho tinha bom coração. Quando o marido perdeu emprego a tal colega veio oferecer cesta básica pra família, achando que eles estavam passando por dificuldade, mas eles ainda tinham economias.

-Eu devo ter cara de pobre. Esses tempos fui pra Paranaguá e queria comer camarão. Pedi no restaurante e a mulher perguntou se eu sabia quanto custava.

E não foram só essas, ela contou de outra vez que estava esperando o filho na escola, mas como chegou cedo ficou sentada ali perto. Nisso passou uma senhora com a neta e disse: “coitada da gordinha, tá passando fome”. Como se não bastasse, ela ainda falou que leva bronca da família por “ter cara de pobre”:

-Minha mãe que diz que é isso que dá ir trabalhar todo o dia com a mesma roupa…

 

O machistinha

Simpática, a motorista do ônibus cumprimenta todos os passageiros que embarcam no Interbairros I. Quando chega uma conhecida ela conta o acontecimento do dia: um menino, que devia ter não mais que oito anos de idade, que não gostou nada de encontrar uma mulher ao volante e deu trabalho pro pai.

-O menino me viu e começou a falar: “Eu não gosto de mulher dirigindo. Vou lá pra trás”. O pai tava todo sem graça e quanto mais falava pra ele parar, mais o menino dizia que não gostava de mulher que dirige.

A cobradora já tinha uma teoria para o preconceito do menino:

-O pai dele trabalha com ônibus e a mãe não deve dirigir muito bem. O piá deve ter ouvido o pai falando da mãe dirigindo…

-É, ele é uma gracinha, mas sem limite, é bem mal-educadinho. Acho que nesse horário ele não pega mais o ônibus, o pai ficou morrendo de vergonha. Tão pequeno e tão machista…

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