Colheita bendita

Tribuna | 30 de dezembro de 2013 | Foto: Ivonaldo Alexandre

É em um terreno localizado na esquina das ruas Gustavo Wacholz e Pastor Adolfo Weidman, na Vila Mariana, em Piraquara, que o agricultor Leonel José Davies, 70, passa horas e horas cuidando de uma plantação que até pouco tempo não existia no local. Foi ele quem, praticamente sozinho e por iniciativa própria, trocou o mato alto por uma variedade de flores e vegetais que chamam a atenção de quem passa por ali, e que vai parar na mesa da vizinhança.

A lavoura foi criada aos poucos, desde o começo do ano passado, quando o agricultor e a mulher chegaram de Querência do Norte, município do Norte do Paraná, para ficar mais próximos das quatro filhas que moram na Região Metropolitana de Curitiba. Com a autorização dos vizinhos que são responsáveis pelo terreno, ele começou a trabalhar em uma parte da terra que agora está tomada por alimentos.

Os girassóis já secaram, mas Leonel mostra com orgulho as abóboras, o milho, a linhaça, a cenoura e o feijão, entre outras variedades. “Ano passado o povo da rua pegava as abóboras e a gente tinha que sair correndo atrás deles. Esse ano não pegaram nada”, conta. O que é colhido vai para a casa do agricultor, onde o trabalho continua com as sementes e os outros alimentos frescos.

“A vida toda gostei da roça. Lá em Querência do Norte trabalhava com a compra de milho e criação de todo o tipo, cabrito, galinha, peru, ganso”, conta ele que investiu nas mudas e equipamentos com recursos próprios. Para Leonel, o trabalho (que vai das 8h às 19h) é muito mais do que uma distração. “Dizem que faz bem pra saúde e é muito bom mesmo. Eu só paro pra tomar água e almoçar”, observa. “Lá a gente plantava de tudo e fazer isso aqui faz bem pra ele, se ele não faz nada se sente até mal. E ele não para quieto”, afirma a esposa Maria Eni Davies, 68, que é companheira de lavoura quando não está cuidando da casa ou dos oito netos.

Ponto dos girassóis
Quem acompanhou o início da plantação no local comemora a mudança que a iniciativa de Leonel trouxe para a região. Além de ter à disposição alimentos frescos, os vizinhos destacam o visual do terreno, que antes não tinha boa utilização. “Já teve até assassinato ali, acharam arma no local e vira e mexe tinha assalto. Quando cachorro era atropelado, jogavam o bicho morto no mato”, lembra a manicure Luana Helize Machado David, 39, que mora ao lado do agricultor.

Ela conta que com a plantação o astral da rua mudou. “Este pedaço de Piraquara é muito largado e ficou lindo. Pego ônibus no ponto ali da frente e o Leonel está sempre ali, não larga mão do cuidado que tem”, afirma. Luana ainda diz que por causa da plantação, o ponto de referência até mudou. Antes a área era chamada de ponto das bananeiras (por causa da plantação em outro terreno que não existe mais) e hoje é o ponto dos girassóis.

 

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