Malabarismos

Tribuna | 15 de abril de 2013 | Foto: Marco Lima

Os vários troféus em cima de um banco de madeira no ginásio de Esportes Cidade Jardim, em São José dos Pinhais, ilustram perfeitamente a situação da equipe atendida pela Associação de Ginástica Rítmica (Aginarc) São José dos Pinhais: apesar de vitoriosa, enfrenta sérios problemas para aperfeiçoar os treinos pela falta de patrocínio.

Criada em Curitiba, a associação conta desde 2009 com apoio da prefeitura de São José dos Pinhais, que cede o espaço e profissionais para a orientação das 150 alunas moradoras do município da Região Metropolitana de Curitiba – a maioria de baixa renda. O restante, porém, como materiais, uniformes e despesas para as viagens de competição, fica sob responsabilidade da Aginarc e das mães das alunas, que colaboram com o quando podem.

“Hoje não temos patrocínio. Não conseguimos suprir tudo que o esporte precisa. A parte administrativa, por exemplo, está quase sem verba”, conta o presidente da Aginarc, Paulo Roberto dos Santos. O contrato com a prefeitura prevê duas estagiárias e dois professores, mas o ideal seria aumentar o quadro de profissionais para atender satisfatoriamente as atletas.

Entre as ginastas, 50 fazem parte da equipe principal e as demais participam das aulas iniciais. O número, porém, poderia ser ainda maior, já que mais de cem jovens estão na lista de espera para participar das atividades. Santos acredita que o trabalho tem resultado, já que começou a se envolver com a ginástica rítmica para acompanhar a filha, Luana Isabele dos Santos, 17, hoje uma das professoras do projeto. “O retorno é para vida delas. O esporte é a única maneira de tirar as jovens das drogas, de evitar que elas fiquem na rua. Sei disso porque vejo o resultado em casa”, garante.

 

Amor à ginástica
Apesar as dificuldades, o amor à ginástica pelos envolvidos no projeto garante que a atividade siga em frente. A ginasta Jéssica Cristina Belo, 21, é a prova viva disso. Moradora do Parolin, em Curitiba, ela começou a treinar aos sete anos, depois que recebeu o convite de uma professora enquanto brincava nos equipamentos de uma praça perto de sua casa. Interessada na oportunidade, venceu a timidez e se descobriu uma ginasta nata.

De família humilde, quase deixou de treinar por falta de dinheiro, problema que só foi resolvido com a criação de um projeto para atletas de baixa renda pela administração anterior da Aginarc. Aos 14 anos parou de treinar, mas logo depois recebeu o convite para se tornar professora das futuras atletas e agora é responsável pelos treinos e pela preparação das alunas.

No entanto, Jéssica enfrenta dificuldades para ser remunerada, pois já foi contratada no cargo de estagiária pelo período de dois anos, prazo máximo determinado pela prefeitura de São José dos Pinhais, e ainda não concluiu a faculdade de Educação Física, o que impossibilita seu ingresso no projeto pela administração municipal. Com a falta de patrocínio, recebe doações dos responsáveis pelo projeto.

“Quero ficar aqui, de coração, tenho carinho por todos eles”, diz ela, que já recebeu outras propostas de trabalho, mas recusou. Porém, ela não garante que terá a mesma atitude em próximas oportunidades, já que precisa pagar a faculdade e ajudar nas despesas de casa.

 

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