Ônibus a R$ 2,60

Tribuna | 02 de março de 2012 | Foto: Allan Costa Pinto

A tarifa de ônibus ficará mais cara a partir da próxima segunda-feira (5), quando vai passar de R$ 2,50 para R$ 2,60. O sistema de transporte coletivo da região metropolitana também vai acompanhar o aumento e deve operar com reajuste já no início da próxima semana. Os novos valores para os municípios vizinhos ainda não foram definidos pela Coordenadoria da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). O aumento na tarifa se aplica também as linhas Circular Centro, que passa de R$ 1,50 para R$ 1,60, e Turismo, que sobe de R$ 25,00 para R$ 27,00. A passagem aos domingos permanece R$ 1,00, por se tratar de um programa de inclusão social da prefeitura.

O aumento na passagem, no entanto, não cobre todo o reajuste da tarifa técnica, que determina a remuneração dos serviços prestados pelas empresas de ônibus no atendimento aos usuários. Esta tarifa chegou a R$ 2,80 com o reajuste de 10,5% nos salários dos motoristas e cobradores, definido no mês passado, alidado à variação no custo de peças e acessórios, ao preço dos veículos, à correção da rentabilidade e da despesa administrativa. Desta forma, a diferença fica vinte centavos maior que o preço que será cobrado aos passageiros e deve ser subsidiada pelo poder público.

Isso significa que com o dinheiro dos contribuintes a prefeitura vai bancar R$ 237.400 diários, R$ 7,122 milhões mensais e R$ 86,651 milhões anuais para nao autorizar correção muito elevada na tarfia em pleno ano eleitoral. Enquanto o subsídio da prefeitura e do governo estadual não é colocado em prática, o fluxo de caixa é apontado pelo diretor de transporte da Urbs, Antônio Carlos Araújo, como a alternativa para equilibrar as contas. ‘Trabalhamos com a antecipação da venda das passagens com o cartão transporte. Isso nos permite gerenciar fluxo de caixa e pagar a diferença tarifária por algum tempo‘, afirma. Porém, o diretor não determinou por quanto tempo esta medida conseguirá controlar o orçamento do órgão. Além disso, Araújo acredita que mais usuários deverão optar pelo sistema de transporte coletivo, o que trará mais recursos para arcar com o pagamento da tarifa técnica.

Governo não tem planos
O subsídio ainda não foi definido, mas a Urbs já conversa com a administração municipal e estadual para avaliar quais são as possibilidades de auxílio. ‘É obrigação do poder público manter o equilíbrio e proporcionar uma tarifa menor aos usuários‘, diz Araújo, que defende o subsídio. De acordo com ele, a participação da prefeitura e do governo do Estado também pode evitar aumento na inflação, que considera, entre outros elementos, o valor do transporte público. A assessoria de imprensa do governo informou que a administração conta com um grupo de estudos para a definição de alternativas para o sistema de transporte coletivo em todo o Paraná, mas nenhum plano foi traçado especificamente para Curitiba.

Tarifa poderia ser menor
Os parâmetros para a definição da tarifa técnica são considerados ultrapassados pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Estado do Paraná (SindiUrbano), Valdir Aparecido Mestriner. Para ele, o valor cobrado aos passageiros poderia ser menor se consideradas situações atuais, por exemplo, o índice de consumo de pneus e de lubrificantes pelos veículos modernos e até a qualidade do asfalto, que influencia no desgaste dos ônibus. “O problema é o custo elevado da tarifa técnica, que a população vai pagar mesmo com o subsídio, pois os recursos virão dos cofres públicos”, critica.

O superintendente técnico regional do Dieese, Cid Cordeiro, também defende mais transparência na definição da tarifa técnica. “Questionamos os coeficientes técnicos utilizados para defini-la. A remuneração às empresas é feita por estes parâmetros”, analisa. Para ele, a utilização do fluxo de caixa como uma forma de equilibrar o orçamento também deveria constar na metodologia de cálculo da tarifa, o que poderia ter reduzido o valor da passagem em anos anteriores. “A medida tem que ser discutida em sociedade e com coeficientes técnicos corretos. Desta forma o subsídio poderá de fato ser benéfico para o usuário.”