Recepção especial para visitas distantes

Além da fauna nativa, animais de localidades distantes também visitam o litoral do estado

Gazeta do Povo | 28 de outubro de 2011 | Foto: Priscila Forone / Gazeta do Povo

Moradores e turistas que visitam as praias do estado ficam surpresos ao se deparar com golfinhos nas águas do litoral. O que poucos sabem é que estes animais, que são nativos da região, recebem durante todo o ano a companhia de outras espécies. São baleias, lobos e leões-marinhos, botos e até mesmo pinguins que visitam o estado para descanso ou reprodução.

As condições ambientais do litoral contribuem para a vinda da fauna visitante. “Temos uma diversidade absurda e que está conservada, o que é uma riqueza. Só não há divulgação e incentivo para que essas áreas sejam aproveitadas para o turismo, por exemplo”, afirma a bióloga Camila Domit, coordenadora laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Tartarugas Marinhas do Centro de Estudos do Mar (CEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mais de 15 diferentes espécies visitam o litoral a cada ano. A movimentação é tão grande que, entre os cetáceos, por exemplo, o estado registra 18 variedades, mas apenas três são residentes.

A localização geográfica da costa paranaense é outro fator que favorece a passagem dos animais. A região é influenciada pelas correntes oceânicas quentes e frias, oriundas do norte e do sul, respectivamente. Assim, se uma das duas correntes ganha mais força e vai além do habitual, as chances de visitantes que vêm de longe chegarem ao litoral do estado são maiores.

Bem perto

A presença destes animais causa estranheza à população local e veranistas. Porém, não há com que se preocupar. A maioria das espécies utiliza a praia ou as águas próximas da costa para um período de descanso. “É normal, por exemplo, as baleias francas usarem a área interna do estuárino. Elas entram para cuidar dos filhotes, pois reconhecem a área como protegida. Acontece que muitas pessoas tentam fazer com que elas voltem para o alto-mar”, explica Camila. O mesmo acontece com os lobos-marinhos. Em geral, indivíduos jovens, que pela imaturidade se perdem do grupo durante a busca de alimentos, utilizam as areias paranaenses para descansar e voltam sozinhos para o mar.

Apenas os pinguins na praia representam um mau sinal. Eles só se aproximam da costa quando estão doentes ou mortos, muitas vezes vítimas de ações causadas pelo homem, como ingestão de lixo, machucados com linhas de pesca ou sujos de petróleo.

Ano do lobo

Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o inverno de 2011 foi marcado por uma grande visitação de lobos-marinhos, com cerca de 16 ocorrências. Além disso, poucos pinguins foram vistos nas praias e, consequentemente, eles deixaram de ser os visitantes que mais recebem tratamentos da equipe do centro de estudos, o que pode significar uma boa notícia. “Parece que neste ano o mar está menos poluído por óleo”, avalia e biólogo Ricardo Krul, responsável pelo Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do CEM.

O contato com os humanos pode ser estressante para os animais. A recomendação é que a aproximação seja evitada ao máximo. Ao sentirem-se ameaçados, os bichos podem tentar se defender, tornando-se agressivos. Outra situação de risco é quando eles estão doentes, pois o contato pode levar à transmissão de doenças. “Não podemos nos esquecer que são animais silvestres”, alerta Camila. Os observadores também devem evitar fazer o transporte destes animais. O ideal é solicitar atendimento às secretarias municipais de meio ambiente.

 

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