Doce encontro litorâneo

Matéria-prima do doce de cachaça reúne ícones da produção agrícola do litoral

Gazeta do Povo | 26 de agosto de 2011 | Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Duas iguarias típicas do litoral paranaense encontraram-se na gastronomia. A cachaça, tradicional de Morretes, e a banana, que tem Guaratuba como a sua maior produtora, combinam muito bem na produção de doces.

Em Pontal do Paraná, a receita de doce de banana com cachaça surgiu na casa da turismóloga Francisca Kaminski, que possui diversas bananeiras no seu terreno no Guaraguaçu. Produtora de licores, Francisca descartava as bananas depois que a bebida ficava pronta. “Como eu não gostava de jogar as frutas no lixo, meu marido deu a ideia de fazer o doce. Deu certo”, conta. Para aproveitar todos os ingredientes, a turismóloga também produz licores, com a cachaça utilizada na preparação do doce.

A matéria-prima da receita de Francisca é abundante no litoral paranaense e coloca a região como referência na produção nos mercados interno e externo. Morretes, polo produtor de cachaça, destila cerca de 15 mil litros da bebida ao ano, em 16 alambiques. Cada empreendimento tem sua própria plantação de cana que, ao todo, chega a 110 hectares no município.

A produção artesanal confere o sabor que fez da cachaça paranaense referência no produto, que ficou conhecido como “a Morretiana”. Depois de colhida, a cana é moída, passa pelo processo de fermentação e é destilada em equipamentos de cobre. O envelhecimento é o ponto especial. “A cachaça é envelhecida em tonéis de madeira, o que faz com que fique com a coloração marrom. Este processo demora cerca de um ou dois anos, período em que as substâncias químicas da cachaça evaporam e o sabor é apurado”, explica a extensionista do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Ruth Ferreira Biuldes.

De Guaratuba sai 40% da produção de frutas do Paraná, principalmente de banana. Mesmo com outros municípios que investem em bananais, a alta tecnologia aplicada na cidade a deixa como uma das maiores do Brasil na produção, que chega a 40 toneladas por ano. “O clima quente e úmido é propício para a banana. Aqui ela é produzida o ano inteiro”, explica o gerente da Emater em Paranaguá, Sebastião Belletini. Do litoral, a banana paranaense segue para Curitiba, São Paulo e até mesmo para a Argentina.

 

Versátil
A combinação da banana com a cachaça compõe diversos pratos. O doce é utilizado em pães, doces, sorvetes, iogurtes e até em recheio de bolos. Não é preciso preocupar-se com o teor alcoólico do prato. Durante o aquecimento da cachaça no fogo, o álcool evapora, deixando no doce apenas o gosto da cachaça envelhecida em barris.

Ingredientes
• 1 quilo de banana
• 1 de açúcar
• ½ litro de cachaça

Modo de fazer
Deixe as bananas picadas de molho na cachaça durante três dias. A dica de Francisca Kaminski é utilizar na receita a cachaça de Morretes e não substituir o produto por uísque ou outras bebidas semelhantes, pois a troca interfere no sabor do doce. Depois da imersão, coe as bananas e as amasse bem com um garfo, inclusive os pedaços de frutas que ficam escurecidos. Em uma panela, prepare uma calda com o açúcar e adicione as bananas amassadas quando a calda caramelada estiver em ponto de fio. Misture em fogo alto por aproximada­mente 10 minutos sem parar de mexer. Enquanto isso, o álcool irá evaporar e doce tomará sua consistência final.

Licor
Para aproveitar a cachaça em que a banana ficou de molho, Francisca dá a receita de um licor que tem preparação semelhante ao do doce: Misture a cachaça com o gosto da fruta a uma calda de açúcar caramelado em ponto de fio. Não leve a cachaça ao fogo. Mexa bem, guarde a mistura em uma garrafa e deixe descansar por 30 dias.

 

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/litoral/conteudo.phtml?tl=1&id=1162290&tit=Doce-encontro-litoraneo