Guardiã da mata

Tribuna Regional – Santa Felicidade | agosto de 2015 | Foto: Gerson Klaina

Parte da floresta nativa com araucária que existe em Curitiba tem a garantia de ficar protegida e preservada para sempre. Isso acontece porque 15 propriedades particulares da capital se transformaram nos últimos anos em Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM), somando 120 mil metros quadrados de floresta preservada, além de 100 áreas públicas.

A expectativa é que o número cresça ainda mais, já que foram identificadas 900 propriedades com vegetação nativa que são particulares e entre elas várias têm potencial para se tornar reservas. É por isto que Terezinha Vareschi luta há anos. A mobilização resultou na Associação dos Protetores de Áreas Verdes de Curitiba e Região Metropolitana (Apave) e em melhorias na lei municipal, que deve estimular ainda mais os proprietários dos terrenos.

O envolvimento de Terezinha começou da resistência ao assédio de construtoras para a venda do terreno onde mora há mais de 30 anos, em Santa Felicidade. “Não venderia por nada nesse mundo. É um acordo meu com a floresta”, diz ela, que é terapeuta holística e sempre teve vontade de morar junto à natureza.

Hoje ela preside a associação, que tem o objetivo de manter o diálogo entre todos os envolvidos na questão, como proprietários, construtoras e o poder público, e mantém sua própria RPPNM, a Reserva Airumã, inaugurada em 2012. “Só o fato das florestas estarem em pé é um benefício, além dos benefícios pro ar, no conforto térmico e tantos outros”, defende.

Nova lei

No começo do ano a nova lei que trata sobre as RPPNMs tornou ainda mais atrativa a criação de uma reserva em Curitiba, primeira cidade a incluir o assunto na legislação. Com a mudança, proprietário passou a ter a concessão do potencial construtivo renovada a cada 15 anos – o que antes acontecia apenas uma vez. Além disso, é concedida a isenção total do IPTU e é permitido realizar na área atividades de ecoturismo, educação ambiental, pesquisas científicas e terapêuticas.

“A contrapartida não funcionava corretamente antes. Agora os proprietários precisam saber disso, que está funcionando”, destaca a presidente da Apave, que tem uma resposta positiva pra quem pensa que 15 áreas é pouco. “Até pouco tempo tínhamos só três reservas”. Desde a mudança da lei, novos proprietários se manifestaram em busca de informações e em breve novas reservas serão criadas. Uma delas é a da mãe de Terezinha, que mora ao lado da unidade Airumã.

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