O garganta do Maracanã

Tribuna | 17 de dezembro de 2014 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Quem nunca ouviu uma história tendo a certeza de que é lorota? O leitor Xico Duarte encontra todos os dias no busão um cara que adora contar vantagem:

“Esse papo de busão é daqueles que te deixa de estômago ruim todos os dias pela manhã. No ônibus Maracanã-Linha Verde embarca todos os dias um cidadão que logo cedo começa a contar as dele. É um cara que trabalha como motorista em uma rede de materiais de construção.

Confesso que no início até acreditava no indivíduo, mas com o passar dos dias fui percebendo que era muita mentira. Uma coisa que gravei bem foi o cara falando para os amigos que tinha comprado um carro HB20. Tinha dado R$ 15 mil de entrada e financiado R$ 1 mil em 48 vezes. Até aí tudo bem, porque para financiar carro hoje em dia basta estar vivo, as revendedoras fazem tudo o que precisar para de vender um carro…

O cara também disse pro amigo que tem um Uno, mas que não queria vender e iria ficar com os dois carros. Questionado do por que dois carros, ele respondeu que o Uno seria só pra “ir nos botecos e o HB20 seria para viagens e passeios”. Ele falou também que ia usar os R$ 15 mil para dar de entrada em um terreno, mas mudou de ideia e comprou o carro.

Na outra semana ele já estava falando para este mesmo amigo que comprou um terreno na praia e estava a procura de um construtor de confiança que pudesse ficar no tal terreno construindo e cuidando dos materiais até terminar o sobrado que ele iria construir.

Tudo bem, fiquei imaginando que este cidadão deve ser ‘o cara’, que deve ganhar super bem. ‘Sorte dele’, imaginei comigo. Mas papo vai e papo vem entre ele e o amigo e ele disse que iria sair da empresa porque recebeu outra proposta, que iria ganhar mais. O amigo perguntou quanto seria o salário e ele disse R$ 1,5 mil porque ele ganhava só R$ 1,3 mil.

Moral da história: descobri que é tudo papo de busão mesmo. Como que um ser com um salário de R$ 1,3 mil vai conseguir comprar um carro no valor de R$ 60 mil, manter dois carros e ainda comprar um terreno na praia para construir um sobrado com três pavimentos? Conta outra, camarada!”

 

O tempo voa
Foi esta a colocação que a leitora e colabora assídua Vanessa de Andrade ouviu de um passageirinho dia desses.

“Quando o ônibus passou por uma loja com a vitrine toda enfeitada com produtos natalinos, o menininho, de uns sete anos, disse:

– Mamãe, já é um outro Natal mais uma vez!”

 

http://www.parana-online.com.br/colunistas/papo-de-busao/106977/O+GARGANTA+DO+MARACANA