Pra salvar o mirante

Tribuna | 1º de outubro de 2014 | Foto: Felipe Rosa

A situação lamentável em que se encontra o Mirante Belvedere, no São Francisco, deve se transformar em breve. Na próxima sexta-feira será assinada pelo governo do Estado a transmissão do espaço para a Academia Paranaense de Letras, que vai instalar ali sua nova sede. A mudança traz esperança para o local, que por enquanto representa um risco para quem trabalha e mora na região.

Após a transmissão do imóvel, será realizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) um projeto de revitalização em toda a Praça João Cândido, onde fica o mirante. A presidente da Academia Paranaense de Letras, Chloris Justen, conta que os estudos duraram mais de um ano. “No início a proposta teve uma reação dos acadêmicos, mas a previsão de que o espaço se libertaria das condições que está e o envolvimento de todas as autoridades para recuperar o espaço nos deixaram muito felizes”, comemora.

De acordo com Chloris, ao receber o prédio, a Academia se compromete a oferecer como contrapartida ações que valorizem a história do Paraná e que serão realizadas com toda a comunidade, especialmente com as escolas. “São ações em favor da cultura paranaense”, destaca.

 

Medo
Enquanto as mudanças na Praça João Cândido não começam, moradores e trabalhadores convivem com o medo. Quem passa por ali diariamente diz que os assaltos não têm hora para acontecer. Na tarde de ontem, o repórter fotográfico da Tribuna, Felipe Rosa, entrou no prédio e encontrou uma situação de muita sujeira e abandono. Dois homens utilizavam a casa para usar drogas e os espaços estavam todos depredados, com fezes e até animais mortos.

“Tá feia a coisa. Tem assalto até de manhã, uso de drogas e pessoas fazendo sexo”, denuncia uma funcionária do Museu Paranaense que, por medo, não quis se identificar. “Tem venda de drogas aqui também. Esses dias quase fui assaltada. Disseram: ‘me passa a bolsa ou eu passo a faca’, mas aí saí correndo”, contou outra mulher, que também teme por sua segurança. “A Guarda Municipal vem aqui, mas eles escondem as drogas e depois que os guardas vão embora eles pegam tudo outra vez”, completou.

O garçom e churrasqueiro Darci Oliveira Gomes mora na região há 12 anos e evita sair de casa depois do anoitecer. “Está triste. Que imagem os turistas vão levar da cidade?”, questiona. Todos os integrantes de sua família já foram assaltados, inclusive durante o dia. “Não tem horário”, lamenta.

 

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