Quando o príncipe é um sapo

Tribuna | 24 de setembro de 2014 | Foto: Brunno Covello/SMCS

Semana passada um colaborador anônimo contou a saga de um cara safadão, que por telefone dava em cima de duas amigas, uma delas, inclusive, casada. No mesmo dia em que a coluna foi publicada, uma leitora me mandou por email uma história bafônica. E, por se tratar de um assunto até sério, a colaboradora/vítima também preferiu não se identificar. Aí vai a história que ela mesma classificou como “sem final feliz”. É longa, mas vale a pena:

“Todos os dias pegava o Interbairros 2, no mesmo horário. Depois de um bom tempo uma amiga me disse que um rapaz não tirava os olhos de mim, foi quando comecei a perceber. Mas sou uma pessoa extremamente discreta, e simpática quando me convém. Então comecei a dar bom dia, já que ele me olhava tanto e descia no segundo ponto após meu embarque.

Na época eu aguardava meu noivo que estava no Oriente Médio, ou seja, estava há mais de dois anos esperando e bem carente. Comecei a dar atenção a esse rapaz, que esporadicamente falava algumas palavras, mas sempre muito nervoso e que parecia ter muito medo de falar.

Um dia trocamos telefones e começamos a nos corresponder por mensagem. Mal eu acordava e ele me enviava mensagens. Se não conseguia ir de ônibus e por algum motivo precisava ir de carro, ele dizia que o dia não seria o mesmo por não ter me visto pela manhã. Eu até gostava de trocar mensagem com ele, porque era melhor do que falar no ônibus. Ele falava alto, sempre me elogiando e eu me sentia o centro das atenções. Quando entrava no ônibus todos olhavam pra mim.

Por duas vezes ele me ligou no final de semana, mas nunca podia ir ao meu encontro. Foi quando comecei a desconfiar que existia alguma coisa a ser descoberta. E descobri que ele era casado há quase 20 anos e tinha um menino.

Depois da minha descoberta comecei a pegar o ônibus antes ou depois do horário que sempre pegava. Até que um dia uma senhora chegou do nada e disse que o rapaz sempre perguntava de mim. ‘Vocês brigaram?’, ela perguntou. Não sabia o que falar e disse não, que éramos apenas amigos. Essa senhora, meio ou totalmente sem noção (que também falava alto), disse: Ahhh, ele é casado??? Respondi timidamente que sim, mas nunca tivemos nada. Não sei porque me senti na obrigação de dar satisfação a uma estranha.

Continuei pegando o ônibus em horários diferentes, mesmo isso me custando atrasos no trabalho. E falava com ele esporadicamente por mensagens, mas sempre perguntava da esposa. Até passei a chama-la de ‘dona Encrenca’.

Pra ver se eu amolecia, um dia ele falou que estava doente, no médico cardiologista, e não parava de me mandar mensagens. Ainda brinquei pra ele tomar cuidado com a dona Encrenca, por causa de tantas mensagens. Ele respondeu que não teria problema, porque ela não pegava o telefone, mas dois minutos depois meu celular tocou, com o número dele chamando. Achei estranho, fiquei preocupada e atendi.

Para minha surpresa, quando atendi escutei uma voz feminina dizendo era a ‘dona Encrenca’. Tive sei lá quantos ataques, suador. Me senti a pior das piores, foi algo que nunca senti em toda minha vida. Foi uma grande lição.

Ela falou comigo chorando, disse que eles são ‘pobres’ (pelo que entendi miseráveis), que o indivíduo estava deixando faltar o pão para colocar créditos no celular e que ela sentiu a mudança de comportamento. Em nenhum momento ela me ofendeu, muito pelo contrário. Não sou e nunca fui amante dele, mas me comportei de maneira errada me correspondendo com um homem desconhecido, que conheci no ônibus e descobri que era casado.

Depois disso atendi a ligação dele apenas uma vez. Pedi para que parasse de me ligar de números diferentes, disse que ele tinha uma esposa especial e que, se fosse comigo, com certeza ele estaria ele na rua. Mudei meus horários, não pego mais esse ônibus e mesmo passando dois anos ainda tenho receio. Nem olho mais para os lados…”.

 

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