Mercado em equilíbrio

Revista Dimensão | 132 | abril 2013 | Foto: Marcelo Stammer/Grupo Noster

A demanda foi atendida! Depois de anos em alta, o mercado da construção civil em Curitiba chega a um ritmo que pode ser considerado como o natural do ramo. Enquanto há alguns anos a intensa procura por apartamentos chegou ao ápice da venda de condomínios inteiros durante um único final de semana e 14 mil unidades lançadas por ano, a média agora é de nove mil lançamentos anuais, previsão mantida para 2013.

“O mercado não estava atendido e Curitiba estava carente de imóveis, com uma demanda reprimida. Ficamos muitos anos, pelo menos de 2002 até 2006, com baixa produção imobiliária, o que era atribuído a fatores macroeconômicos, como a falta de financiamentos e o país em crise”, explica o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Normando Antonio Baú. Ele aponta três fatores fundamentais para a movimentação do mercado imobiliário, tanto na capital paranaense como em todo o país: pleno emprego, aumento real da renda e oferta de financiamentos mais duradouros.

Mesmo com toda a demanda atendida, os fatores principais para o mercado imobiliário continuam em alta, garantindo assim o poder de compra do consumidor. Além disso, a dinâmica da sociedade, com novos casamentos, separações e migrações, continua movimentando o setor. “O movimento do mercado segue de forma normal, nem parado nem estagnado, mas encontrou seu equilíbrio”, destaca Baú, que estima este cenário enquanto as condições continuarem favoráveis.

Tendências
Até 2017 serão 520 obras em andamento no setor da construção no Paraná, com uma renda de R$ 34,4 bilhões conforme estimativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). Tais índices colocam o estado como o primeiro da Região Sul em quantidade de obras e o segundo em valor de investimentos, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Além da construção civil, fazem parte do levantamento obras de modernização e instalação de novas subestações e linhas de transmissões, construção de plataformas de petróleo, fábricas, usinas e outros.

Especificamente no ramo da construção civil, a associação aponta para algumas tendências no uso de materiais. Muito usado em outros países, o drywall substitui a alvenaria. “É mais rápido, mais econômico e mais moderno”, observa o consultor da Sobratema, Brian Nicholson, que apresenta ainda o concreto armado pré-moldado, aplicado em estádios e fábricas, mas também despontando em empreendimentos residenciais e comerciais, além do aço.

“O aço está começando a entrar na habitação popular, no ‘Minha Casa, Minha Vida’, para as faixas mais baixas. O pré-fabricado também é uma tendência na construção civil, pelo ganho de tempo e redução dos custos de mão de obra”, citando também a alvenaria estrutural e a parede de concreto como elementos bastante utilizados em empreendimentos populares.

Para o presidente do Sinduscon-PR, a construção de empreendimentos direcionados ao segmento econômico ainda é um desafio para ser viabilizada em Curitiba, uma vez que os terrenos estão valorizados na capital e o limite de valor definido pelo programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida” é de R$ 170 mil. “Está difícil viabilizar em Curitiba, por isso muitos empreendimentos do ‘Minha Casa, Minha Vida’ estão sendo construídos na região metropolitana, onde os terrenos são mais baratos”, observa. Para incentivar a construção de empreendimentos destinados a este nicho na capital, o sindicato está negociando com a administração municipal a necessidade de alterações na lei de zoneamento e a verticalização dos terrenos.

 

Apostando na sustentabilidade
A sustentabilidade faz parte de outro movimento significativo da construção civil, que está em destaque no estado. Prova disso é a marca do Paraná ser o terceiro estado brasileiro com mais empreendimentos em processo de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e já certificados, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com o engenheiro Marcos Casado, diretor técnico e educacional do Green Building Council (GBC) Brasil, são 40 projetos em certificação, sendo que o estímulo ao desenvolvimento de novos projetos começa a ganhar força quando o empreendimento é concluído. “A tendência é que com mais empreendimentos prontos, mais projetos novos passem a buscar a certificação”, diz. Curitiba concentra o maior número de projetos, 22, seguida por Londrina (3), Maringá (2) e Foz do Iguaçu, Cascavel e Tamboara com um projeto cada.

Mais do que o uso consciente da água e dispositivos economizadores, a certificação exige a qualidade ambiental interna, que Casado explica como “o cuidado quanto ao uso de materiais com baixo índice de compostos orgânicos voláteis na fase do projeto”. Ainda configura como um desafio para o país o quesito da eficiência energética, com alto nível de exigências e padrões internacionais. “O Brasil está começando neste aspecto, com relação ao uso de equipamentos eficientes de baixo consumo, lâmpadas LED, por exemplo. O emprego de energias alternativas como a fotovoltaica e a energia solar também ainda são tecnologias caras, não são uma realidade”, avalia.

Entre os destaques na capital está o Neo Corporate, edifício do complexo multiuso Neo SuperQuadra, projetado pelo Grupo Noster para receber a certificação LEED Gold. O empreendimento, que teve empregadas técnicas e materiais sustentáveis em sua obra, realiza a coleta da água da chuva, utiliza vidros laminados especiais que barram a radiação térmica e permitem a entrada de luz, além da automatização de seus processos. São nove pavimentos que contam com até 1.000 m² cada, onde é possível dividi-las em quatro conjuntos com o mesmo tamanho.

 

Arranha-céu
O mercado da construção em Curitiba também se destaca por contar com o Universe Life Square, da Rossi, maior empreendimento da Região Sul do Brasil e o 6º maior do país. São 47 pavimentos em 152 metros de altura em um empreendimento que reúne unidades residenciais, comerciais e mall no maior arranha-céu da capital paranaense. “Será o prédio mais alto de Curitiba. A torre Universe, composta de volumes variados de vidro e metal, alinha-se com a mais recente tendência mundial de usos mistos verticalizados implantados no centro de grandes metrópoles como New York, Londres, Tokio e Dubai”, apresenta a empresa.