Evite abusos. Denuncie

Tribuna | 01 de fevereiro de 2013 | Foto: Divulgação/FAS

Com a chegada do Carnaval, se intensifica a preocupação com o aumento dos casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Dados da FAS mostram que no ano passado foram registradas 3,7 mil notificações com suspeitas de casos de violência nesta faixa etária. O combate ao problema, que acontece o ano, terá atenção especial a partir de hoje quando a Fundação de Ação Social (FAS) lança uma campanha de enfrentamento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Vila Sandra e que irá se estender por toda a estrutura de atendimento municipal nas nove regionais da cidade.

Com o tema “Carnaval é diversão. Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes é crime. Faça parte do bloco do bem. Denuncie”, a campanha pretende alertar a população para o problema, destacar os sinais apresentados pelas vítimas e estimular a denúncia. Hoje serão distribuídos materiais informativos pela região e após o evento a mobilização continua com as famílias atendidas. “Nosso foco é a prevenção. Já temos um trabalho bem efetivo nos encaminhamentos e os pais precisam estar atentos. Nesta época do ano muitas pessoas de fora visitam a cidade e temos que intensificar a prevenção”, ressalta o diretor de Proteção Social Especial da FAS, Antônio Carlos Rocha.

Ação integrada
Curitiba está entre as cidades brasileiras integrantes do Pacto para o Enfrentamento do Abuso, Exploração Sexual e Tráfico de Crianças e Adolescentes (PAIR), programa nacional com ações integradas, e tem um Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), especifico para o atendimento a vítimas de violência sexual.

Mas o pesquisador da organização não governamental Ciranda e integrante da Comissão Estadual Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, Douglas Moreira destaca que “o enfrentamento deve acontecer com uma rede de proteção bem articulada, que passa por uma estrutura eficiente de educação, saúde, assistência social, segurança, judiciário e Ministério Público. Todos têm responsabilidade”. É a articulação das entidades que promove os encaminhamentos e notificações dos casos.

 

Paraná ainda tem desafios
Das 3,7 mil notificações registradas em Curitiba no ano passadp, 542 eram referentes à violência sexual que resultaram em 404 atendimentos psicossociais a crianças e adolescentes e 358 famílias.

Apesar de Curitiba estar com a rede bem articulada, Moreira afirma que o Paraná ainda enfrenta desafios no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. O estado conta com o Plano Estadual de Enfrentamento às Violências, que estabelece as metas de atuação. “Nosso desafio é manter as redes articuladas e fazer com que o poder público se responsabilize para atuar no enfrentamento das violências. Além disso, culturalmente, a sociedade ainda está muito longe de reconhecer as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos”.

 
Identificação dos suspeitos
Além do trabalho da rede de proteção, a observação dos pais e familiares também é fundamental para identificar casos suspeitos de violência sexual, que em muitas situações acontecem nas casas onde as vítimas moram. “Os familiares devem estar atentos a qualquer comportamento estranho”, alerta Rocha, que aponta manchas, mordidas e demais machucados como possíveis sinais. Além disso, a mudança emocional súbita, medo da criança ficar sozinha e perda de interesse em atividades também podem representar os reflexos da violência sexual.

As suspeitas devem ser denunciadas ao Disque Denúncia Nacional, o Disque 100, à Central 156, da prefeitura de Curitiba ou ainda nos Conselhos Tutelares em atividade nas nove regionais.