No vermelho

Tribuna | 22 de outubro de 2012 | Foto: Allan Costa Pinto

Em intervenção pelo Ministério Público desde 2009, o Instituto Paranaense de Cegos (IPC) anda não se recuperou dos problemas envolvendo indícios de desvio de dinheiro e irregularidades nos serviços prestados aos deficientes visuais. A instituição mantém dívidas há mais de 10 anos, ao mesmo tempo em que sofre com o afastamento de doadores.

As pendências com FGTS, INSS e ações trabalhistas já foram negociadas e estão em pagamento. Porém, a principal dívida ultrapassa R$ 1,5 milhão, referente às contas da Copel e da Sanepar em atraso desde 2001, enquanto os serviços continuam sendo prestados por ordem judicial. “Não conseguimos avançar na negociação e a dívida não cabe no orçamento”, explica o interventor que atua como diretor geral do IPC, Enio Rodrigues Rosa.

O instituto conta com quatro fontes de recursos: convênios com órgãos públicos e instituições privadas, repasses de doações e recursos próprios, que de acordo com o diretor não são suficientes para investir na estrutura necessária para o acolhimento a 26 moradores, 116 alunos e outros usuários que somam aproximadamente quatro mil atendimentos por mês. “Conseguimos levar apertadíssimos, precisamos de maior fôlego”, diz o interventor. Ele ressalta que a estrutura precisa passar por uma reforma, bem como a aquisição de novos equipamentos – entre eles impressoras Braille -, além de reforço no quadro de funcionários.

Além do processo de controle das finanças, Rosa ressalta que também é preciso recuperar a imagem do instituo, especialmente a credibilidade do IPC, que ficou muito abalada. Ele conta que os doadores se afastaram e o atendimento ficou muito mais difícil sem os recursos que recebiam. A situação também compromete a definição de novos convênios. “Estamos conseguindo recuperar a credibilidade, mas ainda temos muito o que avançar”. Além de doação de recursos, o IPC também recebe doação de roupas e alimentos.

 

Instituto atende pessoas cegas e com baixa visão
O Instituto Paranaense de Cegos (IPC) oferece atendimento a pessoas cegas ou com baixa visão, independente da idade. O IPC disponibiliza escolarização do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, atividades de mobilidade, Braille e vida autônoma, além de assessoria jurídica e serviço social. Também são realizados no instituto os projetos Teatralizando, que recebe recursos da Embaixada da Finlândia, e o Ver com as Mãos, que recebe apoio do Criança Esperança.

“Antes de vir pra cá eu só ficava em casa”, conta Alatéia Mattos Pereira, 32, atendida pelo IPC. Ela perdeu a visão há três anos por causa de um glaucoma e há dois começou a frequentar o instituto. Desde então aprendeu como lidar com a deficiência que, segundo ela, apareceu da noite para o dia. “Estou aprendendo muita coisa que não sabia e participo das atividades de arte e de mobilidade”, conta, alegre, suas descobertas.

 

Serviço
Instituto Paranaense de Cegos Av. Visconde de Guarapuava, 4186, esquina com a Rua Coronel Dulcídio. Fones: (41) 3342-6690 / 3242-5487

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