Mais que cólica

Tribuna | 27 de agosto de 2012

As curitibanas ainda desconhecem a endometriose. É o que revela pesquisa realizada em junho pela Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) com 750 mulheres com mais de 18 anos da capital. Apenas 28% das entrevistadas no estudo responderam corretamente o que é a doença enquanto 23% associaram os sintomas do problema às cólicas menstruais. Em todo o País cinco mil mulheres participaram da pesquisa, revelando que 55% das brasileiras ainda não conhecem a endometriose.

A estimativa é que uma em cada 10 mulheres tenha a doença, considerada uma das principais causas da infertilidade e que está relacionada ao aparecimento do câncer no ovário, além de causar fortes dores na região pélvica. O desconhecimento da endometriose acarreta ainda a demora no diagnóstico, em que as mulheres convivem por anos com as dores, achando que ter cólica é normal. Os especialistas estimam que entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico passam em média sete anos.

“A demora reflete que a paciente acha os sintomas normais e que o médico às vezes demora para definir o diagnóstico”, alerta o presidente da SBE, Maurício Simões Abrão. Enquanto a endometriose não é diagnosticada, os médicos destacam que a qualidade de vida das pacientes é prejudicada por conta da dor, que as impede de realizar atividades sociais. O problema afeta inclusive o desempenho no trabalho, além de causar incômodo durante as relações sexuais e trazer também consequências psicológicas.

 


Arquiteta demorou nove anos pra descobrir doença
A arquiteta Elisângela Dias, 36, só descobriu a endometriose aos 23 anos. Desde os 14 convivia com as dores achando o problema normal e até o diagnóstico nunca tinha ouvido falar da doença. “Quando vinha a menstruação eu ficava acabada. A menstruação era irregular e também tinha cólicas, enjoos. Mexia com o meu dia inteiro e me atrapalhava bastante”, lembra. Durante os quase dez anos de desconhecimento da doença foram afetadas as atividades sociais e profissionais de Elisângela, que não conseguia ir à escola nem ao trabalho. Dos sete dias em que menstruava, cinco eram de fortes dores.

Junto com o diagnóstico da endometriose veio também o anúncio de que ela não poderia engravidar por conta da doença. Mesmo assim ela ficou grávida aos 25 anos de idade. “Foi um milagre”, comemora. Com o passar do tempo o problema se alastrou e depois de investir apenas em remédios para a dor, Elisângela aderiu também ao tratamento injetável. “Agora levo uma vida normal”.

 

Novo medicamento custa R$ 180
A Bayer HealthCare Pharmaceuticals lançou no País um novo medicamento criado especificamente para combater a dor associada à endometriose. De uso oral, o Allurene não traz os efeitos adversos registrados pelos demais medicamentos, podendo ser utilizado a longo prazo. A cartela com 28 comprimidos chega ao mercado no valor de R$ 180,00, ainda sem negociação com o Sistema Único de Saúde (SUS).

A novidade foi apresentada com entusiasmo pelo fabricante, principalmente porque pretende diminuir a realização de cirurgias para tratar a doença e por ser um diferencial ao tratamento com medicação injetável. “O último medicamento foi lançado no mercado em 1989. Agora temos um novo medicamento eficaz no tratamento da dor e com baixos efeitos adversos. Ele é neutro metabolicamente”, disse o chefe da Área Global para Assuntos da Mulher na Bayer, Thomas Faustman.

Os testes realizados com o Allurene indicaram efeitos como dor de cabeça, desconforto nos seios, alteração na menstruação e casos de depressão. “Em comparação aos demais medicamentos, que causam efeitos nos ossos, entre outros, é favorável”, avalia.

* A jornalista viajou a convite da Bayer HealthCare Pharmaceuticals.

http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/624155/?noticia=SOMENTE+28+DAS+CURITIBANAS+SABE+O+QUE+E+ENDOMETRIOSE