Não é pra qualquer um

Tribuna | 30 de julho de 2012 | Foto: Átila Alberti

A escolha da cremação para os procedimentos funerários está se tornando uma opção cada vez mais frequente entre os brasileiros. Porém, apesar da popularização, a prática exige processos específicos, o que pode impedir a cremação, obrigando as famílias a realizar o sepultamento convencional.

O procedimento se torna mais fácil quando é constatada a morte natural, que deve ser atestada por um médico legista ou por dois médicos de outras especialidades. Além disso, é preciso que a pessoa que será cremada tenha manifestado em vida o desejo pela cremação. Em muitos casos, as empresas do ramo solicitam que os familiares registrem em cartório uma escritura pública na qual afirmam que o parente optou por ser cremado.

Porém, no caso das mortes violentas, causadas por atropelamentos, ferimentos por arma de fogo ou arma branca, acidentes de trânsito, suicídios e outras situações, a cremação só é feita se for apresentada uma autorização judicial para o procedimento, exigência prevista pela Lei dos Registros Públicos. O mesmo acontece quando a causa da morte não é definida, uma vez que todos os registros da pessoa são eliminados durante a cremação, em uma espécie de completa queima de arquivo.

“Se é uma morte violenta, a chance de ser crime é grande e depois que a pessoa é cremada a possibilidade de descobrir alguma coisa é muito reduzida”, explica Andrei Matzenbacher, diretor do Grupo Jardim da Saudade, que presta serviços de cremação. De acordo com ele, laboratórios com tecnologia avançada, mas que ainda não chegaram ao Brasil, conseguem fazer a identificação pelo DNA além de verificar alguns casos de envenenamento, mas fica impossível identificar traumas e perfurações sofridas.

Os valores mais baratos que os sepultamentos e a carência de espaço ajudaram a popularizar as cremações no Brasil. “Por ano o crescimento é de 7% a 12%. É significativo”, calcula Matzenbacher. Além disso, a cultura religiosa já não exerce tanta influência nestes rituais e o aspecto ambiental também conta a favor das cremações. Diferente de incinerar, a cremação acontece em temperaturas que podem chegar a 1.000 graus, o que acelera a decomposição do corpo pelo calor. Além disso, a tecnologia empregada nos processos está avançada, reduzindo a quase zero a emissão de poluentes. O resultado da cremação é uma espécie de farelo rico em cálcio, material que pode chegar a dois quilos quando é cremada uma pessoa adulta.

 

Procedimento cusra R$ 2,5 mil
Na região de Curitiba três empresas prestam o serviço particular de cremação, nos municípios de Pinhais, Campina Grande do Sul e Campo Largo. Em média, o procedimento custa R$ 2,5 mil, podendo variar de acordo com os itens escolhidos para a cerimônia, e está disponível em planos de cremação preventiva, que minimizam a burocracia, ou em pronto-atendimento, contrato para uso imediato.

“Sempre orientamos pelo plano de cremação preventivo, pois isso resolve o problema antecipadamente, sem transtorno. Quando se perde alguém não é o melhor momento para contratar o serviço, e assim é possível pensar no melhor plano, nas opções de empresas”, avalia Andrei Matzenbacher, diretor do Jardim da Saudade.

Além do serviço particular, o município de Pinhais possui um dos únicos sistemas públicos de cremação do País, destinado à população de baixa renda da cidade. O Crematório Vaticano, que venceu a licitação para realizar o serviço de cremação para a prefeitura, também atende famílias interessadas pelo plano particular na cidade, pelo valor de R$ 1,8 mil para pessoas adultas e R$ 1,3 mil para crianças.

“A prefeitura não participa destas negociações, que estão previstas no contrato de concessão. Mas é um valor de mercado e a tendência é que ele seja reduzido porque o mercado baixou o preço das cremações”, afirma o secretário municipal de Administração de Pinhais, José Martins. O crematório municipal fez seu primeiro procedimento no dia 29 de junho e desde então foram 18 procedimentos, todos pagos. Para ter acesso ao serviço gratuito, a família deve procurar a Secretaria Municipal de Assistência Social, que providencia a cremação.

http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/620809/?noticia=CREMACAO+EXIGE+VARIOS+PRE+REQUISITOS