Fazendo escola

Tribuna | 11 de novembro de 2014 | Foto: Marco Lima

Marcado para acontecer no dia 2 de fevereiro de 2015, o início das aulas na carente comunidade de Caçador, zona rural de Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba, é considerado apenas o primeiro passo para a transformação da localidade, que fica a 70 quilômetros da capital. Os idealizadores do programa, que inclui acesso à saúde e incentivos para a produção agrícola familiar, acreditam que o futuro das mais de 40 famílias depende da educação das 70 crianças que moram ali.

Na escola, que inicialmente irá receber os alunos do primeiro e segundo anos do ensino fundamental para aulas gratuitas, faltam poucos ajustes a serem feitos para o começo da atividade. A estrutura do prédio está pronta desde 2011, mas dependia da autorização da Secretaria Estadual de Educação para começar a funcionar. Fora isso, tudo foi criado a partir de doações e recursos levantados pelo Centro de Treinamento Monte Horebe, instituição que realiza projetos sociais no município há mais de 30 anos. No local, a biblioteca já está abastecida de livros e algumas salas de aulas já estão prontas.

A decisão de criar uma escola no local foi tomada após diversas atividades entre as comunidades rurais de Itaperuçu. O critério determinante foi a frequência dos estudantes nas aulas, que iam para escola em menos da metade dos 200 dias letivos determinados por lei. Um dos principais empecilhos é a questão do transporte, já que a estrada de terra que leva à escola rural fica intransitável em dias de chuva e os estudantes, que precisam rodar pelo menos 40 quilômetros por dia, dependem de ônibus que muitas vezes não estão em boas condições.

Com a inauguração da escola, a organização estima que outras duas comunidades também serão beneficiadas: Santo Domingo e Santa Cecília. O objetivo é garantir qualidade de vida, valorizar a cultura local e estimular o desenvolvimento da região com aquilo que ela tem de melhor. “Queremos que Itaperuçu, que significa caminho de pedras, se transforme em um caminho de flores”, afirma o diretor do Centro de Treinamento, Abel Furquim.

Além de funcionar como um ponto de encontro para a comunidade, a escola também realiza atividades de reforço escolar aos sábados e oferece atendimento médico e odontológico em dois consultórios instalados no local.

A proposta é, a partir do envolvimento da comunidade, despertar as capacidades da região que há mais de dez anos trocou a cultura agrícola, por exemplo, pelo plantio de pinus e eucalipto, deixando de lado o potencial para a produção de alimentos. “Precisamos conhecer as possibilidades. É um programa para longo prazo, a transformação da própria realidade e trazemos ferramentas para isso. Aqui tem um grande potencial e é possível ter uma vida boa aqui. A educação é a base desse processo”, avalia Furquim.

Há mais de 50 anos na comunidade, a moradora Paulina Maria de Lara, 61, recebe com alegria o início do funcionamento da escola. “As crianças sofrem muito pra ir pra aula, muitas faltam e aqui é uma bênção de Deus”, comemora.

Parceria
Todo o programa conta com a participação de doadores que, de acordo com Furquim, estão convidados também a acompanhar o desenvolvimento da iniciativa. Além de doações únicas é possível apadrinhar estudantes ou participar oferecendo mão de obra voluntária. A comunidade também precisa de médicos que tenham disponibilidade em atender voluntariamente.

É possível entrar em contato com o Centro de Treinamento Monte Horebe pelo telefone 41 3603-1175 ou pelo site www.montehorebe.or

 

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