Brincadeiras que curam

Tribuna | 11 de julho de 2013 | Foto: Marco Charnescki

Independente da idade, são poucas as pessoas que ficam indiferentes a uma sala cheia de brinquedos. Para as crianças, em especial, ter a oportunidade de brincar é uma experiência que traz reflexos para toda a vida. Os benefícios da atividade vão além do entretenimento e estes são os principais aliados da Associação Serpiá – Serviços e Programas para a Infância e a Adolescência, localizada no Alto da XV.

A organização presta atendimento multidisciplinar a crianças e adolescentes de até 18 anos com foco na saúde mental. O método é pioneiro. O plano terapêutico é traçado de acordo com cada paciente, que apresenta quadros de autismo, violência física e sexual, depressão, entre outros problemas.

Diferente das clínicas convencionais, os consultórios são pouco usados. Quase tudo acontece na brinquedoteca, onde durante as brincadeiras os pacientes conseguem compartilhar seus problemas com os profissionais da casa, que atuam em várias áreas. “A criança fala do seu sofrimento. É ela que escolhe se quer e como quer brincar”, conta a coordenadora geral executiva da organização, Iara Del Padre Iarema Ulkowski. Também fazem parte do atendimento oficinas de informática, comunicação, musicoterapia e outras atividades.

“Brincar costuma ser a linguagem natural da criança e ela sabe que aqui falamos a língua dela”, afirma a fundadora da Serpiá e orientadora da brinquedoteca, Ingrid Cadore. Com os espaços especiais, a equipe pretende acolher os pacientes, fazer com que o tratamento seja realizado com os resultados esperados e com total envolvimento dos pequenos. “Para cada um deles não deve ser só jogar, mas tem que ser o jogo que eles gostam. Aqui eles são livres para brincar e o protagonista é o brincante”, diz.

Quase dois mil pacientes já passaram pela Serpiá desde sua fundação em 2003. Atualmente são 170 pacientes. A maior parte do público de Curitiba e região metropolitana é formada por famílias de baixa renda ou atendida por organizações sociais. Os recursos são obtidos principalmente por meio de convênios com o poder público, empresas e pessoas físicas.

Qualidade de vida
Não basta estar rodeado de brinquedos. Para Ingrid, este momento significa qualidade de vida e precisa de atenção especial. Porém, apesar da importância da atividade, o que vem preocupando os profissionais da área é o fato de que as crianças estão deixando de aprender a brincar.

“Não temos nada contra os eletrônicos, desde que existam redes de afeto, laços com outras pessoas. A tevê, por exemplo, quando consumida só, não sobra nada para a imaginação”, alerta. Os laços afetivos e o diálogo são fundamentais para a orientação e estímulo dos pequenos, que muitas vezes podem ficar confusos com as informações que recebem. “A cultura do brincar é essencial ao desenvolvimento das crianças, que se tornam adultos com boas ideias, que se conhecem, além de conseguir trabalhar com os demais e com valores éticos”, destaca.

O investimento em brinquedotecas especializadas vem aumentando nos últimos anos e o objetivo destes espaços é oferecer atendimento especializado a quem o frequenta. Para isso é realizada a formação dos educadores brinquedistas, responsáveis por mediar as atividades. Ingrid coordena estes cursos e a verba arrecadada é revertida para a instituição. O próximo acontece entre os dias 15 e 24 de agosto.

Serviço
A Serpiá aceita doações e voluntários interessados em participar das atividades ou auxiliarem nos trabalhos administrativos. Informações pelo telefone 3015-2045 ou pelo email serpia@serpia.org.br

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